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Da Índia ao Brasil: Kiran Bir Sethi em São Paulo

Kiran Bir Sethi: designer, empreendedora social e idealizadora do Design for Change esteve em São Paulo na semana passada para compartilhar sua história e conhecer outras tantas que estão acontecendo por aqui. Tudo começou em 2001 na Índia, quando Kiran, incomodada com a proposta pedagógica da escola em que seu filho estudava, decidiu fundar seu próprio centro de ensino. A Riverside School, que fica em Ahmedabad, começou com cerca de 20 alunos, com a proposta de ser um espaço em que as crianças seriam as protagonistas, utilizando o conhecimento aprendido na escola para transformar a realidade à sua volta.

Kiran no lançamento do Escolas Transformadoras. Foto: Rodolfo Goud

Hoje, a Riverside conta com mais de 300 alunos e está entre as melhores escolas do país. O trabalho desenvolvido por lá deu tão certo que, em 2006, nasceu o movimento Design for Change, com a missão de espalhar pelo mundo uma abordagem simples, flexível e inovadora, que encoraja crianças e jovens a serem protagonistas de suas próprias histórias de mudança. O Design for Change está presente em 35 países, no Brasil é desenvolvido pelo Instituto Alana, com o nome Criativos da Escola.

Kiran participou de diversos eventos em São Paulo para apresentar a abordagem do Criativos da Escola e inspirar cada vez mais gente a se unir ao movimento. No dia 16, Kiran foi a palestrante do lançamento do projeto Escolas Transformadoras, uma iniciativa da Ashoka em parceria com o Instituto Alana, que busca apoiar e conectar escolas de todo o país que estão criando novos caminhos rumo a uma educação verdadeiramente transformadora. No dia seguinte, Kiran participou de uma roda de conversa no auditório do Alana, mediada por Carolina Pasquali, coordenadora do Criativos da Escola, em um encontro inspirador e intimista que emocionou quem esteve presente. “As crianças são empreendedoras sociais por natureza. Precisamos escutá-las, com os nossos olhos, ouvidos e corações frescos por novas aprendizagens junto com elas”, afirmou.

No dia 18, foi a vez do CEU Heliópolis receber Kiran para uma mesa redonda, que contou com a mediação de Braz Rodrigues Nogueira, diretor da Diretoria Regional de Educação Ipiranga, e com a participação das alunas Lauren Leite e Ana Gabriela Cruz, e de Amélia Fernandez, coordenadora pedagógica da EMEF Campos Salles – um exemplo brasileiro de que é possível colocar as crianças como protagonistas e reconhecer suas competências. O evento foi realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, e contou com a presença de representantes das Diretorias Regionais de Educação e educadores de CEUs espalhados pela cidade.

Foto: Paulo Pereira
Roda de conversa no auditório do Instituto Alana. Foto: Paulo Pereira

Por fim, no dia 20, Kiran fez uma palestra na Biblioteca Mário de Andrade, como parte da Virada Educação, seguida de um bate papo com as professoras Zilda Rizzo, da E.E. Caetano de Campos, Edna Monteiro e Vanessa Oliveira, da EMEF Gabriel Prestes, que compartilharam experiências de protagonismo infanto-juvenil desenvolvidas nas escolas.

Depois dessa agenda cheia, Kiran segue viagem pela América Latina, deixando conosco a certeza de que crianças e jovens podem ser protagonistas das mudanças que queremos ver no mundo.

Foto: Paulo Pereira
Mesa Redonda no CEU Heliopólis. Foto: Paulo Pereira
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Educação integral: um olhar para as potencialidades da criança

Na abordagem da educação integral, a criança é vista em suas múltiplas dimensões; para serem transformadoras, escolas precisam de novas linguagens, competências e habilidades

Marcado por problemas sociais, ambientais, econômicos e políticos, o mundo atual exige competências e habilidades diversas. Essas competências vão muito além do modelo tradicional de ensino, da matemática, do português e do vestibular. Diante disso, a abordagem da educação integral pode ser uma chave para uma mudança de paradigma nas escolas. 

Com as alterações provocadas pelos processos de globalização e de revolução tecnológica, principalmente após meados do século XX, a escola teve seu papel questionado. Antes, professor era visto como único detentor do saber e os alunos como “folhas em branco”. Esse modelo tradicional de ensino, com foco na disciplina e no conteúdo acadêmico não encontra mais espaço no cenário atual. 

Neste contexto, cabe à escola repensar seu papel e construir novos significados à sua atuação. É necessário revisitar as concepções de educação e compreende-la sob uma perspectiva mais ampla, considerando sua aproximação com outros campos, instituições e atores.

Para mergulhar fundo nestas discussões, conversamos com Ana Claudia Arruda Leite,  pedagoga e coordenadora de Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana.

Para Ana Claudia, a escola deve se fortalecer como um espaço de convivência, de leitura crítica e criativa do mundo. A escola deve ser capaz de possibilitar tanto a apropriação do patrimônio simbólico e material da humanidade, como a construção de vínculos e de significados para a vida, no âmbito individual e coletivo.

Confira o bate-papo com Ana Claudia Arruda Leite. 

Site – Hoje, muitos defendem a escola em tempo integral. Ela seria um modelo interessante e que atenderia as novas demandas do século XXI?

Ana Claudia Leite – Antes de tudo, é fundamental distinguir educação integral de escola em tempo integral. A educação integral é uma concepção de educação e não um modelo. Ela foca no desenvolvimento pleno do ser humano, ou seja, nas suas múltiplas dimensões (intelectual, corporal, ético, estético e político). Por isso ‘integral’, do latim integrālis (inteiro, total). Além disso, nessa abordagem, a escola é vista como um dos espaços educativos e não o único. Ela é pensada a partir do diálogo com seu território, onde os diferentes sujeitos, espaços e tempos são reconhecidos no processo de ensino-aprendizagem.

A escola em tempo integral tem relação com esta discussão, no que tange à expansão do tempo e até de possibilidades formativas. Mas, dependendo de como ela for proposta, pode não significar uma educação integral no sentido pleno. A institucionalização traz consequências complexas que podem impactar negativamente a educação e a saúde, psíquica e física, dos bebês, crianças, adolescentes, jovens e professores. Vale lembrar que, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão docente é hoje considerada como uma das mais estressantes, além de ser a segunda do mundo a portar doenças de caráter ocupacional.

Precisamos olhar para essas condições atuais da escola e buscar caminhos efetivos e viáveis de transformá-la num real ambiente educativo, saudável, inclusivo e inspirador para todos. Isto passa por repensar muitas dimensões e não apenas a extensão do tempo que a criança ficará dentro da escola. É preciso olhar o currículo, a arquitetura, a formação e condições de trabalho dos professores, a valorização da criança como sujeito, a inclusão, bem como a integração entre educação, arte, cultura, esporte, saúde.

Site – Sob o olhar da educação integral, educa-se então em diversos lugares, diversos tempos e ao longo de toda a vida. A escola acolhe essa visão de educação?

AC – As escolas realizam práticas diversas de acordo com suas equipes e o modo como trabalham, mas a educação integral parte de um pressuposto que está na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de que a educação no Brasil é um direito de todos e uma responsabilidade da família, do Estado e da sociedade no geral; não restrita, portanto, aos muros da escola. Assim, a educação que se faz dentro da escola deve olhar para o desenvolvimento integral da criança. Ela deve considerar aspectos simbólicos e materiais, que juntos compõe o ambiente educativo e a subjetividade de cada ser humano.

O diálogo com a diversidade está, inevitavelmente, implícito à prática educativa.

Educação integral valoriza a diversidade

Do ponto de vista teórico e legislativo, já temos respaldo para pensar a educação nessa perspectiva, como também para pensar a escola na relação com seu entorno. O sujeito se faz como tal na sua relação com o outro, portanto, o diálogo com a diversidade está, inevitavelmente, implícito à prática educativa. A educação integral traz luz para isso e enxerga os diferentes contextos em que os alunos estão inseridos como potências para a aprendizagem. Iniciativas como o Centro de Referências de Educação Integral, do qual o Alana participa junto com outras organizações sociais, tem um papel fundamental nesta discussão.

Site – O que estamos fazendo com as crianças dentro das escolas?

AC – Vivemos um momento paradoxal na educação brasileira. Presenciamos uma melhoria na garantia de acesso à escola (hoje temos praticamente universalizado o acesso ao ensino fundamental e a educação infantil começa a entrar nesse processo). Contudo, o desafio da qualidade e da transformação ainda se faz presente. Algumas escolas já estão buscando alternativas a esse desafio e repensando seus projetos político-pedagógicos. A fim de colocar em pauta discussões importantes, como a reformulação do currículo e do sistema de avaliação, além de trazer à luz temas como inclusão e diversidade.

Presenciamos uma melhoria na garantia de acesso à escola, mas o desafio da qualidade ainda se faz presente. 

Neste movimento de repensar o papel da escola, estamos corealizando com a Ashoka o Escolas Transformadoras, um movimento global que busca conectar escolas que estão criando novos paradigmas na educação, rumo a uma aprendizagem verdadeiramente transformadora. Temos descoberto muitas escolas incríveis no Brasil e no mundo, que possibilitam a formação de sujeitos criativos, empáticos, críticos e engajados. Acreditamos que as experiências destas escolas precisam ser reconhecidas, sistematizadas e divulgadas. Pois são importantes pistas para avançarmos nesta discussão sobre qual escola queremos no século XXI.

Site – O que seria – dentro do contexto brasileiro – uma educação transformadora?

AC – Dentro do contexto brasileiro existe algo muito importante a ser feito: olhar para a própria história. Olhamos muito pra fora e nos esquecemos de identificar o que aconteceu e o que acontece de inovador em termos de educação no Brasil. Temos experiências incríveis por aqui. É preciso recuperar os autores e as experiências pedagógicas significativas e comunicar estas boas referências. O desafio é como sistematizar e contar esta história de uma forma consistente, inspiradora e de fácil acesso para que consigamos construir novas narrativas, mudando a mentalidade e expectativa do que seja uma boa escola. E isso não é um assunto exclusivo de pedagogos e profissionais da educação, ele é de todos na medida em que a educação é um direito e um dever da família, do Estado , da escola e da sociedade.

Mudança de mentalidade

A mudança de mentalidade é fundamental, porque, apesar de existirem exemplos inspiradores, de vanguarda, o que se tornou universal foi um modelo de educação enraizado ao conceito de escola do século XIX. Assim, a expectativa que a família, a mídia e sociedade têm é de uma escola “forte,” “séria”, que prepara para o vestibular. Ou seja, nada mais do que a escola tradicional. Hoje, espera-se que a escola no Brasil garanta o mínimo: ensino da matemática e alfabetização, como se isso fosse suficiente. É preciso mudar essa cultura e estabelecer uma expectativa de aprendizagem maior, que envolva outras linguagens expressivas, competências e habilidades.

Atravessar as barreiras simbólicas da escola seria uma grande transformação, mas também um enorme desafio.

Do ponto de vista legal, existe a possibilidade de a escola construir um projeto pedagógico autônomo e focado na educação integral. Em contrapartida, as pessoas que estão nas escolas e fora dela não sabem disso e esperam da escola a continuidade do modelo tradicional. Mesmo que já seja um consenso de que se trata de um modelo falido, que não serve nem mais para a reprodução do sistema, que dirá para uma transformação social.

Site – Quais são os maiores desafios do campo da educação?

AC – Há muitos desafios no campo da educação, que abarcam desde questões relacionadas ao paradoxo quantidade/qualidade, até a forma de contratação de professores e arquitetura da escola. Precisamos reconhecer o avanço nas políticas públicas para universalizar o acesso à educação. Contudo, o desafio é fazer isso sem perder a qualidade e sem institucionalizar o processo educativo. A escola não é prédio, mas um ambiente de aprendizagem, que possibilita a convivência, a construção de vínculo, de significados e de sentidos. A escola deve ser um espaço autoral, e tudo o que é autoral exige um tempo maior de entrega e envolvimento. Não apenas para o aluno, mas também para o professor. 

Como construir um projeto político-pedagógico sem conhecer o entorno, as diferentes culturas que estão dentro da escola ou mesmo os próprios colegas de profissão?

Construindo uma comunidade de aprendizagem

Hoje, é comum o professor assumir mais de uma jornada de trabalho, o que interfere na construção desse espaço autoral, individual e grupal. Ao dar aulas em diferentes escolas o professor não se sente pertencente a nenhuma. E isso é um desafio para a qualidade da educação, pois impacta na possibilidade real de se construir projetos pedagógicos coletivos. A qualidade também está ligada a possibilidade de se ter uma equipe forte, que elabore um trabalho consistente, coeso e continuo, capaz de estabelecer vínculos com as crianças, suas famílias e com a comunidade.

Agora, imagine uma escola que atende até 3 mil crianças, com mais de 200 professores e muitos sem dedicação exclusiva, como ser um espaço autoral e de convivência, sem uma equipe forte? Como ser uma comunidade de aprendizagem se não temos tempo e espaço adequado para nos reconhecermos e nos conhecermos como coletivo?

Acredito que precisamos sim transpor os muros da escola no que tange à espaço e tempo, concretos e simbólicos. Mas tão importante quanto isso é fortalecer a escola como uma comunidade de aprendizagem, construída por sujeitos, pois ela é, antes de tudo, espaço de relação humana. Sem afeto, vinculo e socialização, a educação se desumaniza.

Escola é espaço de relação humana. Sem afeto, vinculo e socialização, a educação se desumaniza.

Foto: Via Flickr SanShoot

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Ashoka e Alana: Escolas Transformadoras no Brasil

No último dia 16 de setembro aconteceu em São Paulo o lançamento da iniciativa Escolas Transformadoras. O programa da Ashoka, que já ocorre em diversas partes do mundo, chega ao Brasil correalizado pelo Instituto Alana e busca apoiar e conectar escolas de todo o país que estão criando novos caminhos rumo a uma educação verdadeiramente transformadora.

O evento de lançamento contou com a participação das 10 primeiras escolas da rede, que foram reconhecidas como ‘transformadoras’ por trabalharem, em suas práticas pedagógicas, habilidades como empatia, criatividade, trabalho em equipe e protagonismo social. Representantes de cada escola compartilharam com os presentes experiências de seu dia a dia, e contaram como trabalham para encontrar em cada problema uma oportunidade de mudança. Para conhecer as 10 primeiras Escolas Transformadoras do Brasil e suas práticas, clique aqui.

Apesar de suas diferentes realidades (há escolas públicas, privadas, comunitárias e de diversas regiões brasileiras, como Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul), todas têm um ponto em comum: elas se preocupam em formar sujeitos ativos, capazes de atuar no mundo de maneira criativa e sensível e oferecem aos seus educandos uma formação que valoriza o desenvolvimento de habilidades e competências transformadoras.

Além do bate-papo com as escolas, o lançamento contou com a presença da empreendedora social Kiran Bir Sethi, fundadora da Escola Riverside, na India, e da metodologia Design For Change, que parte do princípio que toda criança tem potencial para transformar o mundo e trabalha, de maneira muito forte, a ideia do protagonismo social. No Brasil, o Design for Change é realizado pelo Alana, com o Projeto Criativos da Escola. Em sua fala, Kiran defendeu a necessidade de dar, a toda criança, a oportunidade de construir uma narrativa para a própria vida e ser capaz de se reconhecer no mundo: “toda criança pode transformar o mundo, precisamos ouvi-las ao invés de dizer, a todo o momento, o que elas devem fazer”.

AnaMaria Schindler, co-presidente da Ashoka e Ana Lucia Villela, presidente do Instituto Alana, afirmaram a alegria em realizar o Escolas Transformadoras como uma iniciativa conjunta e reconheceram que os valores das organizações se cruzam: “a Ashoka acredita que todos podem ser agentes de transformação, e o Alana que toda a criança deve acessar sua potencia máxima;  as escolas transformadoras parecem o melhor lugar para que isso aconteça”, disse Ana Lucia.

A iniciativa está apenas começando no Brasil. Se você conhece ou faz parte de uma Escola que está construindo um novo paradigma para a Educação, fale com a gente!

Veja as fotos do evento de lançamento:

Foto capa: Rodolfo Goud

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I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância em Brasília

Nos dias 03 e 04 de setembro de 2015 o Museu da República, em Brasília (DF), recebeu o I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância, organizado pelo Grupo de Trabalho de Cultura da Rede Nacional pela Primeira Infância (RNPI), em parceria com os Ministérios da Cultura e da Educação. Ao longo dos dois dias, representantes do poder público, da sociedade civil e pesquisadores de universidades organizaram-se para debater iniciativas pioneiras, nacionais e internacionais, que visam colaborar com a construção de políticas culturais para a primeira infância no Brasil.

O evento contou com abertura de Claudius Ceccon (RNPI), Clarice Cardell (GT Cultura RNPI e La Casa Incierta) e Juana Nunes Pereira (MinC), que reiterou o interesse do Ministério da Cultura em aproximar seus debates ao campo da Educação. “Cultura e Educação andam de mãos dadas, só com a integração dos dois campos poderemos garantir aos brasileiros o pleno exercício da condição humana”, disse Pereira. O encontro marcou a entrada no Ministério da Cultura para a RNPI e representou um importante espaço para aqueles que, assim como o Instituto Alana, buscam honrar a infância, defendendo ambientes em que crianças possam crescer e se desenvolver de forma plena e saudável.

O Alana esteve presente no encontro para compartilhar suas experiências e acompanhar as discussões sobre a inserção da cultura no contexto da educação infantil. Ao longo dos dois dias, especialistas pensaram o lugar da Cultura e das artes nas instituições de educação infantil e ficou clara a necessidade de olhar para a formação dos profissionais que estão atuando junto às crianças. A urgência em garantir um entorno sensível e acolhedor aos gestos e linguagens das crianças também permeou as discussões e reflexões do encontro.

Renata Meirelles, coordenadora do Projeto Território do Brincar, correalizado pelo Alana, participou da mesa ‘Relato de Experiências’, em que foram debatidas as boas práticas que englobam educação e cultura da infância no Brasil. Desde 1996, Renata pesquisa infâncias das mais diversas regiões brasileiras em um intenso intercâmbio de brinquedos e brincadeiras. Para a pesquisadora, o debate sobre a aproximação entre educação e cultura deve partir de um olhar cuidadoso à criança, “o adulto precisa reconhecer as potencialidades da criança e considera-la como protagonista da discussão sobre a integração cultura-educação”, disse. A mesa teve mediação de Ana Claudia Arruda Leite, coordenadora de Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana, e integrante do grupo de trabalho responsável pela organização do encontro.

Fotos-Carlos-Laredo

O artista plástico Gandhy Piorsky, pesquisador das práticas da criança e conselheiro do Território do Brincar, também participou da programação e foi assertivo, “precisamos  fortalecer  o lugar do imaginário na educação e isso implica em olharmos também para a formação de professores para que haja uma real  integração entre os campos da educação e cultura”. Deste encontro nasceu um primeiro documento, que organiza as discussões prioritárias e que visa abrir caminhos políticos para o diálogo com diferentes instâncias, como os próprios MinC e MEC.

A companhia de teatro La Casa Incierta encerrou o evento com apresentações para bebês e crianças e deixou, mais viva do que nunca, a certeza de que pensar a Cultura e as artes nas instituições de educação infantil é urgente e deve ser visto como prioridade no âmbito das políticas públicas.

Fotos:  Carlos Laredo

Veja também:
Alana no Centro de Referências em Educação Integral

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Filmes, trocas e atividades culturais na Virada Sustentável

VIDEOCAMP, Feira de Trocas de Brinquedos e Espaço Alana participaram do evento em São Paulo que contou com a parceria do Instituto Alana.

Exibição de filmes inspiradores, trocas de brinquedos, bate-papo e atividades culturais foram algumas das atividades do Instituto Alana na 5ª Virada Sustentável em São Paulo. Cada iniciativa colocou em pauta diferentes temas que compõe a perspectiva da Virada: educar para a sustentabilidade a partir de uma abordagem lúdica e positiva, inspirando as pessoas a enxergarem no tema um valor universal.

A Virada Sustentável reuniu centenas de atrações, atividades e conteúdos ligados aos temas da sustentabilidade (biodiversidade, resíduos, água, cidadania, mobilidade urbana, mudanças climáticas, direitos humanos etc.), realizadas simultaneamente em parques e espaços públicos, equipamentos culturais, universidades e escolas.

O VIDEOCAMP, plataforma global e gratuita que assume o cinema como uma poderosa ferramenta para a transformação social, esteve presente no Centro Cultural São Paulo exibindo o filme ‘Bikes vs Carros’ e no CEU Parque Bistrol, com os filmes ‘Território do Brincar’, ’Quem? Entre muros e pontes’, ‘Outro Olhar’, ‘Muito Além do Peso’, ‘Tarja Branca e ‘Criança, a Alma do Negócio’.

Na Praça Victor Civita, a Feira de Trocas de Brinquedos levou para lá pais, crianças e familiares para dar novos sentidos às bonecas, carrinhos, entre outros. A Feira, a Praça e a Virada, têm muito em comum: renovam o significado de objetos, de espaços, e de uma nova maneira de encarar o mundo. As trocas aconteceram na praça, uma área com o solo contaminado que foi transformada em um belo espaço de convivência. Além da Troca, educadores voluntários da Recreart fizeram a alegria da criançada com atividades coletivas, como pega-pega, esconde-esconde, brincadeira de roda, corrida de saco, entre outras. O CEU Formosa também fez parte dessa história e organizou sua própria Feira de Trocas, resultado de uma parceria entre o Instituto Alana e a Secretaria de Educação de São Paulo.

O Espaço Alana, no Jardim Pantanal, entrou no circuito e recebeu a “Virada Sustentável na Kebrada”, pontos do evento na Zona Leste. Lá foi exibido o documentário ‘Território do Brincar’, que mostra a geografia de gestos de crianças das mais diversas realidades brasileiras; líderes comunitários participaram de um bate-papo, além de oficinas de grafite, de breakdance e discotecagem.

E que venha a próxima edição!

Foto: Reprodução/ Facebook Alana

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Território lança material sobre o brincar nas escolas

Uma linda celebração tomou conta do espaço Itaú Cultural no último 5 de agosto. Mais de 500 pessoas, entre educadores, formadores, representantes do poder público, artistas e organizações da sociedade civil, se reuniram para prestigiar o lançamento do material “Território do Brincar: diálogo com as escolas”. A iniciativa é um desdobramento do Projeto Território do Brincar, um trabalho de pesquisa, documentação e sensibilização sobre a cultura da infância, coordenado pela educadora Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks, e correalizado pelo Instituto Alana.

Antes de partirem para uma viagem de 2 anos, em que entrariam em contato com diferentes infâncias brasileiras, Renata e David convidaram diversas escolas brasileiras a embarcarem junto com eles. A ideia era construir um diálogo sobre a infância a partir do que seria encontrado em campo. Seis escolas toparam o desafio; foram elas: CEI Alana, Escola Vera Cruz, Colégio Sidarta, Escola Casa Amarela, Escola Viverde e Colégio Oswald de Andrade.

Durante os dois anos de estrada, Renata e David realizaram encontros mensais com os educadores dessas escolas, a fim de relatar e refletir sobre o que as crianças das comunidades por quais passavam tinham a nos dizer e como essas manifestações poderiam ecoar na realidade escolar. Deste processo nasceu o material “Território do Brincar: diálogo com escolas”. Composta por um livro e dois DVDs, a produção busca despertar um olhar atento e sensível para a infância e sua linguagem mais potente: o brincar.

Durante o evento de lançamento, os presentes puderam assistir ao documentário que relata a parceria do projeto com essas seis escolas e também tiveram a oportunidade de conversar e tirar dúvidas com os representantes de cada escola.

Para assistir o evento de lançamento clique aqui.  Para fazer download gratuito do livro “Território do Brincar: diálogo com escolas” clique aqui.

Veja fotos do lançamento:

Veja também:
Território do Brincar mostra nova perspectiva da infância

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A percepção das crianças sobre a cidade de São Paulo

Em julho foi lançada a pesquisa Irbem Criança e Adolescente, realizada pela Rede Nossa São Paulo, com parceria do Ibope Inteligência e apoio do Instituto Alana (Prioridade Absoluta) e do Instituto C&A. Os dados mostram a percepção que pessoas entre 10 e 17 anos tem da cidade de São Paulo. Entre os resultados que preocupam, como da segurança (atributo que obteve menor índice de satisfação 5,1) e do consumo (59% das crianças ficam insatisfeitas quando não compram ou ganham um produto anunciado) foi possível perceber que ‘existe amor em SP’. Ao cruzar os dados ficou evidente que as crianças e adolescentes que brincam coletivamente, na rua, na praça, em parques têm uma relação melhor com seus vizinhos, com o bairro e uma satisfação maior em relação à cidade.

As crianças e adolescentes que fora do horário escolar realizam apenas tarefas ou brincadeiras individuais, como ajudar nos serviços domésticos, assistir TV, dormir durante o dia, ficar no computador, etc., tendem a ser menos satisfeitos com a qualidade de vida na cidade de São Paulo. Este grupo, formado principalmente por meninas (72%) e adolescentes entre 15 e 17 anos (59%), se diz “pouco satisfeito” em relação à cidade e considera o bairro “apenas um lugar para se morar”.

Já aqueles que empinam pipa, jogam bola, andam de bicicleta, ficam na rua, fazem passeios culturais, etc., se sentem parte de uma comunidade em relação ao bairro que moram (58%). Na avaliação da satisfação geral da qualidade de vida em São Paulo a média da nota (de 1 a 10) do grupo foi de 7,4, enquanto que no grupo de atividades individuais o número caiu para 6,6.

Entre as crianças, de 10 a 11 anos, 30% realizam atividades coletivas perante 10% que praticam individualmente. Das crianças que participaram da entrevista, 55% afirmam que brincar é a principal ocupação quando não está na escola, seguido de assistir TV (22%) e jogar bola (21%). As atividades praticadas nos parques, na rua ou em qualquer lugar fora de casa aparecem na pesquisa como variáveis importantes na relação das crianças e adolescentes com a cidade e no relacionamento com as outras pessoas. Vivenciar a rua no momento de lazer e tempo livre ajuda a construir uma percepção mais humana do bairro, da cidade e de seus moradores.

Foto: Via Flickr Brian Talbot

 

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Alana no Centro de Referências em Educação Integral

O Instituto Alana passou a integrar o Centro de Referências em Educação Integral, uma iniciativa da Associação Cidade Escola Aprendiz que, em parceria com outras organizações da sociedade civil, busca pesquisar e sistematizar caminhos possíveis para fortalecer a educação integral como agenda prioritária no país.

Com apoio do Ministério da Educação, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco), a proposta é contribuir para a formulação, implementação e aprimoramento de políticas públicas de educação integral a partir de ações de mobilização, formação e articulação de agentes estratégicos para o tema.

A iniciativa tem como pressuposto a ideia de que para educar uma criança de forma plena, é necessário olhar para seu desenvolvimento integral – cognitivo, emocional, corporal, cultural e social – e ampliar suas possibilidades formativas através dos diversos atores, espaços e tempos disponíveis no território. A Educação Integral defende que todos – escola, família, comunidade, organizações sociais e culturais, e a própria cidade – são educadores e aprendizes de um mesmo processo colaborativo de aprendizagem e que a própria vida é, por si, uma grande, permanente e fluída escola.

Nesta nova parceria que se inicia o Alana, juntamente com outras organizações não governamentais, contribuirá para a discussão e avanço da temática no Brasil. Para Ana Claudia Leite, coordenadora de Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana, o Centro de Referências é uma oportunidade para potencializarmos as transformações da educação brasileira. “A iniciativa reúne várias pessoas e instituições em prol de uma concepção de educação mais ampla, que reconhece a importância da educação dialogar com o território e com as reais necessidades das crianças”, ressalta.

Além do Alana, passaram a integrar a iniciativa o Instituto Rodrigo Mendes e o Instituto C&A. Para saber mais sobre o Centro de Referências em Educação Integral, clique aqui.

Foto: Ajith Kumar via Flickr

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25 anos do ECA: dia de brincar e comemorar 

No último domingo (5 de julho) crianças, adolescentes e adultos festejaram os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) durante um dia cheio de brincadeiras no Largo da Batata, em São Paulo. A mobilização que ganhou o nome de “Juntos pelo Brincar” começou há alguns meses, quando diversas organizações da sociedade civil, que defendem os direitos das crianças e trabalham para promovê-los, se uniram em torno da ideia de celebrar o ECA de uma maneira lúdica.

Foram inúmeras reuniões, conversas e articulações para garantir um dia memorável com diferentes atrações para as crianças. E, mesmo sendo o dia mais frio do ano, a temperatura não espantou pessoas dispostas a ocupar o espaço público por meio do brincar. Corda, bambolê, bicicleta, pintura, giz, jogos de tabuleiros, trepa-trepa, troca de brinquedos e muitas outras atividades estavam espalhadas pelo Largo da Batata. E não foram só os pequenos que brincaram: os adultos também se divertiram com a corrida de saco, as bolinhas de sabão, a ioga, a contação de histórias e muitas outras atividades, além de serem embalados pelas músicas da Banda Alana e pelo show Brasileirinhos. Quem passou o dia inteiro por lá renovou as energias com os food bikes distribuídos pelo espaço.

A mobilização contou com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo e da Subprefeitura de Pinheiros. E foi construída coletivamente com base em três eixos importantes garantidos pelo ECA: o direito ao brincar, fundamental no desenvolvimento da criança e do adolescente; o direito à convivência familiar e comunitária como forma de inserção no meio social para que eles interajam com o mundo de maneira saudável e segura; e o direito ao espaço público para encorajar as crianças e adolescentes a se reconhecerem como cidadãos e sujeitos de direitos.

O dia foi além da diversão, a frase “Brincar é solução, redução não” no fundo do palco lembrou o momento crítico que vivemos de ameaça às conquistas do ECA. Um boneco gigante também percorreu a praça com outra mensagem importante: “Diga não ao trabalho infantil”. E uma peça de palhaços explicou para a criançada a importância do Estatuto, que virou Lei no dia 13 de julho de 1990 e foi inspirado nas diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988.

Terminada esta mobilização fica a sensação de que realizamos uma festa colorida, divertida e alto astral para comemorar os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. E que venham outros aniversários, conquistas e cada vez mais pessoas, atores e organizações empenhados em proteger e fazer valer os direitos das crianças e dos adolescentes.

Assista ao vídeo produzido pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania:

Veja fotos da comemoração:

Foto capa: Laura Leal

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Alana na Undime: trocas, conversas e muito trabalho

Foi uma semana intensa de trocas, experiências e inúmeras conversas na Bahia. O Instituto Alana levou seus projetos, entre os dias 16 e 19 de junho de 2015, para o 15ª Fórum Nacional da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação). No estande montado na Costa do Sauípe (BA), prateleiras recheadas com materiais explicando um pouco do trabalho do Alana, sobretudo na área de educação. No evento, mais de duas mil pessoas que representavam cerca de 1.100 municípios, entre eles, secretários de educação e gestores municipais.Undime1

Na abertura do Fórum, o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e a Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, falaram sobre a necessidade dos ministérios trabalharem de forma integrada e que isso se reflita no município. Alguns resultados já podem ser vistos e sentidos: 43 milhões de crianças são alimentadas diariamente por meio da merenda escolar, o que ajudou o Brasil a sair do mapa da fome. “A colaboração intensa entre os ministérios e a rede de educação municipal é a principal responsável por capilarizar isso por todo o país”, disse Janine Ribeiro.

Tereza Campelo salientou que a parceria com os municípios é o que viabiliza a realização dessa e de outras políticas sociais como o Bolsa Família, que atrela o benefício à educação. Na avaliação da Ministra, o Brasil vem avançando na agenda social, mas ainda há muito a fazer. “Queremos toda criança na escola. Garantir isso é um esforço para o próximo período”, ressaltou a ministra.

Durante a semana, entre os secretários e gestores que passaram pelo estande do Alana, muitas conversas e boas parcerias. Entre eles, levas de apaixonados pelo Território do Brincar, muita gente profundamente inspirada pelo Outro Olhar e dezenas de secretários empolgados com a possibilidade de reconhecer os professores de suas redes que estão incentivando seus alunos a levarem adiante projetos de transformação, para inscrevê-los no Desafio Criativos da Escola.

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Como forma de inspirar mais gente a se unir ao movimento, a equipe do Alana conduziu, no dia 18, uma oficina de Design Thinking aplicado à Educação: uma oportunidade para aprofundar a abordagem que norteia o Criativos e refletir sobre os desafios que cada município enfrenta.

Muitas conversas só começaram. O Alana espera agora levar essas trocas adiante, com a certeza de que há muito a ser feito.

Informações obtidas no site da Undime.