Ao longo de 2019, o Instituto Alana contribuiu com o Novo Comentário Geral da ONU pelos direitos das crianças no ambiente digital. A publicação está sendo redigida com base nas sugestões apresentadas e é respaldada no conteúdo da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. O documento completa 30 anos no dia 20 de novembro.
Reconhecida como o tratado de direitos humanos mais aceito no mundo, a Convenção foi ratificada por 196 países. Sobretudo, o intuito é promover a proteção da criança e do adolescente em cada um dos Estados participantes. O responsável pelo monitoramento da sua implementação é o Comitê dos Direitos da Criança, composto por 18 especialistas independentes. Além disso, está sobre seu encargo a realização dos Comentários Gerais, que consiste na interpretação do comitê sobre temas específicos fundamentada no material da Convenção.
Ambiente digital é foco da ONU
Atualmente, está sendo elaborado o Comentário Geral sobre os direitos da criança em relação ao ambiente digital. O documento irá conter medidas a serem seguidas pelos Estados, visando orientar governos, empresas, organizações, bem como a sociedade civil para a proteção do direito da criança no ciberespaço.
O Instituto Alana foi uma das organizações internacionais que contribuiu com propostas para a elaboração da nova publicação. Logo depois, estivemos presentes no encontro realizado em nome da ONU pela 5Rights Foundation, em Londres. O evento reuniu vários especialistas de diversos países para discutir sobre os principais temas abordados no Novo Comentário Geral.
O documento apresentado pelos direitos das crianças no ambiente digital ao Comitê pelo Instituto Alana foi assinado conjuntamente pela área de educação. Bem como por três de seus programas – Prioridade Absoluta, Criança e Natureza e Criança e Consumo – com foco principal nos seguintes pontos:
Fortalecimento e desenvolvimento dos “direitos da criança por design”;
Regulamentação da publicidade infantil direcionada para criança em ambiente digital;
Compreensão do trabalho infantil artístico de crianças blogueiras ou influenciadoras digitais;
Violação de direitos de crianças expostas em ambiente digital;
No Dia do Professor, Instituto Alana lança pesquisa sobre a percepção dos brasileiros em relação à inclusão nas escolas
Aproximadamente nove em cada dez brasileiros acreditam que as escolas se tornam melhores ao incluir crianças com deficiência. Isso é o que revela o levantamento inédito do Datafolha, na pesquisa O que a população brasileira pensa sobre educação inclusiva, encomendado pelo Instituto Alana.
O material foi lançado em 15 de outubro de 2019 (Dia do Professor). Ele reúne as percepções de pessoas de todo o país em relação ao tema.
De acordo com a pesquisa O que a população brasileira pensa sobre educação inclusiva, os brasileiros tendem a ter opiniões favoráveis à inclusão de crianças com deficiência na escola regular. O levantamento ouviu mais de 2.074 pessoas acima de 16 anos, em 130 municípios. As entrevistas ocorreram entre os dias 10 e 15 de julho de 2019.
A margem de erro máxima é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos. Ainda assim, o nível de confiança é de 95%. O Datafolha apresentou aos entrevistados frases sobre educação inclusiva para que respondessem se concordam ou discordam de cada uma delas.
O estudo investigou opiniões frente a temas como a inclusão de crianças com deficiência na escola, formação e interesse dos docentes na temática. Do mesmo modo, foram explorados aspectos como o preconceito que pessoas com deficiência sofrem na escola, entre outros.
Inclusão importa: confira os resultados da pesquisa O que a população brasileira pensa sobre educação inclusiva
Para 86%, as escolas se tornam melhores com a educação inclusiva. Além disso, 76% acreditam que as crianças com deficiência aprendem mais estudando junto com crianças sem deficiência.
“A pesquisa indica o apoio da sociedade brasileira para a educação inclusiva. Assim, fica claro que não há como retornar ao modelo em que pessoas com deficiência ocupavam espaços e escolas separadas. A população compreende que, na escola comum, a diversidade é uma grande oportunidade para todos aprenderem mais”, afirma a coordenadora da área de educação do Instituto Alana, Raquel Franzim.
Esse levantamento nacional também buscou revelar a presença de indivíduos com deficiência no domicílio, na escola e no trabalho dos entrevistados. Nesse sentido, foi possível analisar as influências da convivência com pessoas com deficiência nas percepções da população. O recorte mostrou, por exemplo, que aqueles que convivem com pessoas com deficiência têm uma atitude ainda mais receptiva.
Após cortar o cordão umbilical entre um bebê e uma mãe, o que resta? “A construção de um cordão imaginário essencial na vida de qualquer criança e adolescente saudável.” Esta é a resposta da coordenadora de Educação do Instituto Alana, Raquel Franzim. E esse cordão se chama vínculo.
Durante a vida, essa relação estável, segura e acolhedora, passa a ser construída não apenas com a mãe, mas com outros adultos de referência. E são elas que, mesmo invisíveis, seguem ajudando a difícil tarefa de crescer, conviver, aprender e ser.
Falar em vínculo é falar sobre a potência das relações entre adultos e crianças. É por isso que, neste Dia das Crianças, queremos propor um olhar para essa relação como sendo o melhor presente que se pode dar. Na realidade, se trata muito mais de uma troca fundamental para o mundo que queremos construir.
Mesmo invisíveis, os vínculos seguem ajudando a difícil tarefa de crescer, conviver, aprender e ser.
As crianças têm necessidades básicas para crescer e se desenvolver, como se alimentar, habitar um lugar seguro, brincar e aprender. Mas como destaca Raquel, a construção deste cordão de afeto é a necessidade mais urgente.
“No momento presente, ele garante segurança e para o futuro, é o vínculo estável e sadio com o outro, o único elemento capaz de frear a violência contra si, contra o outro e contra o meio ambiente”, afirma.
Vínculo, uma relação de atenção e confiança
O vínculo é a relação, mas não qualquer uma. É aquela que tem uma camada de reconhecimento do outro, de atenção, bem como de confiança.
“É um fio transparente que começa mais curtinho na infância e vai esticando ao longo da vida. Ele faz com que sejamos capazes de alçar longos vôos, sempre sabendo para onde voltar”, descreve a diretora-executiva do Instituto Alana, Carolina Pasquali.
Um vínculo estável se faz cotidianamente em uma relação de confiança. Aos adultos, não significa estabelecer um vínculo perfeito, mas estar atentos afetivamente às crianças. Este ato contempla a existência inteira dela.
No dia a dia, é o processo de enxergar, conhecer seus medos, ouvir suas perguntas, apoiar suas curiosidades e anseios. E este presente ela levará consigo para sempre.
“Não há presente, tecnologia ou qualquer outro artefato que substitua a presença. O afeto e o vínculo de uma relação humana, especialmente quando falamos de desenvolvimento infantil. Criança precisa de gente: de sua família, comunidade e de outras crianças. E todos nós precisamos mais de Humanidade.” (Pedro Hartung, coordenador dos programas Prioridade Absoluta e Criança e Consumo)
Presente indispensável
No Dia das Crianças ou em qualquer outro, não há presente melhor do que esse momento em que o adulto se abre para uma atenção afetiva e consegue escutar, partilhar com as crianças, e se encantar com o cotidiano por meio do olhar inusitado que elas têm.
Para a coordenadora do programa Criança e Natureza, o vínculo afetivo entre o adulto e a criança é importante para desenvolver relações carinhosas, otimistas e de confiança com a vida. “Cada criança criada em um ninho de amor, se torna uma criança e um adulto solidário e empático, e que contribui para uma sociedade mais humana e fraterna”, diz Lais.
Nesse sentido, ir à escola, observar as nuvens, ler e conversar no jantar podem se transformar em grandes presentes. Ou seja, o afeto atravessa atividades cotidianas. Portanto, o vínculo pode se tornar especial e ser uma oportunidade de estar junto e se relacionar, fortalecendo este presente indispensável.
Defender os direitos da criança é um dever e não uma escolha. Por esta razão, nós, do Instituto Alana, recebemos as alterações no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), determinadas pelo Decreto nº 10.003, de 2019, com extrema indignação.
Há quase três décadas, o Conanda acompanha e cobra a execução de políticas públicas e orçamentárias voltadas para crianças e adolescentes. Além de apresentar resoluções importantes, o órgão é responsável por gerir o Fundo Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA).
O Conanda é o grande guardião dos direitos de crianças e adolescentes
Em linhas gerais, o decreto altera profundamente o funcionamento do Conselho e suas características democráticas. Por exemplo, estabelecendo reuniões trimestrais por videoconferência, em vez de mensais presenciais. Além disso, determina processos seletivos no lugar de eleições e direito a voto extra em caso de empate em deliberações. A medida deixa nas mãos do presidente da República a indicação para presidência do Conanda. Atualmente, esta escolha é feita pelos pares em eleição interna.
Conanda exige participação democrática
Não há espaço para inconsequência quando o assunto é infância e adolescência. As demandas são muitas, urgentes e detêm complexidade especial. Portanto, não podem ser relegadas a encontros virtuais pró-forma a cada trimestre.
A participação social diversa e democrática é fundamental para qualquer governo que deseje guiar o país. Neste caso específico, guiar suas crianças e adolescentes, pelo bom e estreito caminho da responsabilidade e proteção social. Afinal, decisões monocráticas que destituam organizações eleitas de seus mandatos ecoam um autoritarismo que não combina com o país que escolheu um novo caminho em 1988.
Sobretudo, a escolha da Presidência da República de enfraquecer o Conanda indica um movimento em direta afronta à infância e adolescência brasileiras, em completo desacordo com nossa Constituição Federal e com a escolha que fizemos como sociedade, expressa no artigo 227, de colocar crianças e adolescentes como prioridade absoluta da nação.
O decreto da Presidência da República indica um movimento em desacordo com a Constituição Federal
Concluímos, por fim, que as alterações determinadas pelo decreto em questão caminham na contramão da participação social, elemento fundamental para a construção de um país democrático e transparente.
Acreditando que a comunicação tem o poder de mudar o mundo, o Instituto Alana lança a publicação “Um caminho para a comunicação acessível”. O documento reúne os aprendizados obtidos em relação aos modos de produzir, trocar e disseminar informação nos últimos anos.
Queremos comunicar o valor que há na diversidade, que nos caracteriza como humanos e enriquece o nosso convívio social.
A expectativa é inspirar outros comunicadores e instituições a se pautarem nos princípios da inclusão. E desse modo, assegurar às pessoas com deficiência o acesso e a igualdade de oportunidades à informação.
Antes de tudo, uma comunicação que pretende fortalecer a diversidade deve ter a responsabilidade de representar as pessoas da maneira como elas desejam e apresentar seus conteúdos de forma compreensível e acessível.
No Brasil, mais de 45,6 milhões de pessoas são indivíduos com deficiência, de acordo com estimativas do Censo Demográfico 2010 (IBGE). O número representa 23,9% do total de brasileiros.
“Não é um limite individual que determina a situação de deficiência da pessoa, mas, sim, as barreiras existentes nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação, nos serviços, nas relações interpessoais”, atenta a publicação.
Comunicação acessível
Além de um olhar atento e sensível, o documento sugere as melhores ferramentas e linguagens para alcançar o maior número possível de pessoas. Não se trata de uma resposta definitiva nem de alternativa única a ser seguida, mas de um espaço de consultas em construção, que sistematiza práticas para que a inclusão e a diversidade façam parte do cotidiano e das ações.
No material, você encontra dicas sobre a implementação de recursos de acessibilidade nas redes, descrição de imagens, bem como organização de eventos. Além disso, ele dá dicas de adaptação e criação de conteúdos para sites, livros digitais e editais.
Sabendo que a comunicação acessível traz benefícios para toda a sociedade, esse é o nosso convite para adentrarmos juntos nesse universo pela maior participação e inclusão de todos e todas. Faça aqui o download da publicação:
Em 2019, o Itaú Cultural inaugurou, em parceria com Instituto Alana, a Ocupação Lydia Hortélio. A mostra é um convite para percorrer e recordar as belezas singelas que integram o humano. A exposição-instalação esteve de portas abertas para visitação de junho a setembro.
A educadora e musicóloga, Lydia Hortélio, nasceu em Salvador (Bahia), em 1932. Ela defende a cultura da criança e a liberdade conquistada pelo ser humano -pequeno ou grande-, que brinca e entoa cantigas. Na mostra, foi possível percorrer materiais do acervo de Lydia, além de depoimentos que montam sua trajetória como pesquisadora e educadora. O Instituto Alana também participou com atividades na programação paralela.
Roteiro da Ocupação Lydia Hortélio
22 a 28 de julho: a plataforma Videocamp realizou um play aberto do filme “Tarja Branca”. O longa é um manifesto sobre a importância de continuar sustentando o espírito lúdico, que surge na infância, mas que é impelido pelo sistema a ser abandonado na vida adulta. Ele conta com a participação de Lydia Hortélio. Acesse aqui o filme “Tarja Branca”.
Ainda como parte da programação, o Videocamp reuniu também uma seleção de filmes que abordam a infância, a arte e o brincar, todos disponíveis para exibições públicas e gratuitas.
7 de agosto, das 19h às 21h30: “Encontro: criança, música e cultura popular”. O programa Território Brincar exibiu o documentário “Terreiros do Brincar”, de Renata Meirelles e David Reeks. Na sequência, aconteceu um bate-papo com a diretora e o professor da Faculdade de Educação da USP, Marcos Ferreira.
21 de agosto, das 19h30 às 21h30: o Portal Lunetas organizou o encontro “Lunetas na Ocupação”, também na Sala Itaú Cultural, com o tema “Acalentar a infância”, sobre a importância dos acalantos na construção da identidade e de vínculos fortes e saudáveis na primeira infância. Participam da conversa a psicóloga e doutora em Letras pela USP, Silvia Ambrosis, e a contadora de histórias e escritora, Cristiane Velasco. A mediação esteve a cargo de Ana Cláudia Leite, consultora da área de Educação do Instituto Alana.
A entrada em todas as atividades foi gratuita. Para mais informações, acesse a página oficial da Ocupação.
Dirigido por Renata Meirelles e Sandra Eckschmidt, documentário “Miradas” registra gestos e paisagens do brincar de diferentes grupos infantis
Antes de tudo, brincar é a expressão viva da criança em contato com o mundo. Nesse sentido, um olhar cuidadoso para esses gestos pode revelar muitas narrativas. Sabendo disso, oito pesquisadores observaram o brincar livre de algumas crianças e registraram essa experiência no documentário “Miradas”.
O que o brincar livre e espontâneo das crianças nos revela? Como observá-lo de forma viva?
Dirigido por Renata Meirelles e Sandra Eckschmidt, o documentário conta como foi o processo de adentrar as paisagens do brincar. Diferentes grupos infantis são observados por meio da fenomenologia de Goethe. Esse processo consiste em quatro passos com referência aos fenômenos da natureza (terra, água, ar e fogo), e tem como premissa a apreensão do olhar para as essências e sutilezas.
Ao mesmo tempo em que intensifica a percepção sensorial, o processo também se caracteriza como uma possibilidade de autodesenvolvimento para o pesquisador/educador. Isso acontece na medida em que o observador constrói um processo de conscientização e elaboração reflexiva.
Em vez de descrever ações concretas, a atenção se volta para pernas, sorrisos e emoções das crianças. Ou seja, sem julgamentos ou conceitos pré definidos, mas com intenção.
Miradas, um documentário para desaprender a olhar
“Parece que temos de desaprender tanta coisa para se colocar no lugar desse olhar cuidadoso e detalhado. E as crianças fazem isso naturalmente”, afirma a educadora Elisa Hornett, que realizou sua pesquisa de observação na Unidade de Educação Infantil do Colégio Viver (SP).
Documentário “Miradas”
Direção: Renata Meirelles e Sandra Eckschmidt
Duração: 31 min
Ano: 2019
Pesquisadores: Beatriz Olival, Elisa Hornett, Gabriel Limaverde, Lia Mattos, Reinaldo Nascimento, Renata Meirelles, Sandra Eckschmidt e Soraia Chung Saura
O evento de lançamento aconteceu no Itaú Cultural, em São Paulo, e contou com a participação dos pesquisadores que relataram um pouco de suas trajetórias no processo de pesquisa.
Por fim, os participantes também experimentaram o primeiro passo – o terra – com um exercício de observação fenomenológica realizado a partir de uma foto de uma garota brincando com uma bacia de alumínio.
O filme está disponível para exibição on-line na plataforma VIDEOCAMP, com opções de audiodescrição, legendas ocultas e tradução em Libras. O processo cuidadoso de observação pode ser conferido no material de apoio ao filme, que relata as nuances de olhar dos pesquisadores.
“Miradas” é uma descoberta e também um exercício de olhar para a infância com todos os olhos do corpo.
No ar desde 2018, o Lunetas é mais uma iniciativa do Alana para informar, mobilizar e inspirar diferentes perspectivas sobre estar no mundo e ser criança
Uma luneta permite ver mais e melhor. Ao mesmo tempo, aproxima o que parece estar longe. E quando usamos diversas lunetas para olhar para as infâncias no Brasil? Com o intuito de informar e inspirar diferentes perspectivas sobre estar no mundo e ser criança, nasce o portal “Lunetas“. Esta é mais uma iniciativa do Instituto Alana.
No ar desde maio de 2018, o site de notícias se propõe a falar sobre crianças de várias idades, da barriga até os doze anos. Além disso, a proposta é ampliar a cobertura de temas nas diferentes regiões do país. Todos os dias, os conteúdos publicados apontam suas lentes de aumento para educação, saúde, cultura, parentalidade e tudo o que diz respeito ao cuidado da criança e de quem cuida dela.
O Lunetas faz parte da missão do Alana de investir no potencial das gerações futuras por meio de uma informação positiva, especializada e de qualidade.
Por meio de reportagens, especiais, vídeos, dicas de eventos culturais, brincadeiras e textos de opinião, o Lunetas deseja mostrar como a infância é um período fundamental para a construção de cada indivíduo e da sociedade. O portal é pensado para famílias, interessados na temática e profissionais do universo da infância.
Lunetas: múltiplos olhares para as infâncias
Além da redação, o Lunetas conta com dez jornalistas de diferentes regiões do Brasil, desde novembro de 2020. A proposta da rede remota é trazer olhares plurais e mais informações sobre as particularidades culturais do país. Assim, o site se aproxima cada vez mais da missão de garantir que todas as crianças sejam incluídas e respeitadas.
Para contribuir com reflexões inspiradoras, o portal conta com colunistas de diferentes áreas e editorias temáticas relevantes sobre a realidade e as demandas das infâncias brasileiras. Além disso, oferece uma experiência de navegação intuitiva e inovadora, com filtros e formatos variados.
“Acreditamos no jornalismo de qualidade e na informação como pilar básico para que as pessoas tomem as melhores decisões de acordo com os seus contextos. Por isso, é uma alegria pra gente poder lançar o Lunetas e contribuir com esse ecossistema”, diz a diretora de Comunicação do Alana, Carolina Pasquali.
Por fim, o Portal Lunetas é a metáfora da polifonia que o Instituo Alana busca para a construção de ambientes informativos e educativos mais democráticos. Um espaço para encontrar notícias positivas, especializadas e de qualidade, sem perder de vista a poética e o vínculo com a força das palavras.
Lançado durante o Rock in Rio 2017, movimento global quer construir um futuro melhor, inspirando pessoas a mudarem o mundo com suas ações
O Believe.Earth nasce da necessidade de resgatar a crença das pessoas em um futuro melhor. Lançado no Rock in Rio 2017, o movimento global quer mostrar que é possível transformar o mundo de maneira simples, dando destaque para histórias que vêm inspirando milhões de pessoas a colocarem a mão na massa.
“Sonhos só se tornam realidade com perseverança, foco e dedicação. E eles ficam mais fortes quando sonhamos juntos ”, afirmou a modelo e ativista de causas socioambientais, Gisele Bündchen, durante a abertura do festival.
“Sonhos só se tornam realidade com perseverança.”
A primeira iniciativa do Believe.Earth é um portal que reúne ações transformadoras e projetos inovadores pelo mundo. Desse modo, em tempos de desesperança e destaque a tragédias diárias, o site passa a ser um espaço para compartilhar boas notícias. São narrativas de diferentes localidades, que constroem caminhos mais prósperos e sustentáveis para a sociedade.
Todas as soluções compartilhadas para problemas sobre comida, energia, mulheres e cidades, por exemplo, são pautadas e contribuem para a Agenda 2030 das Nações Unidas, que reúne 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados.
“Precisamos que as pessoas acreditem que cada atitude conta e que este somatório fará toda a diferença. O Planeta tem urgência. Não dá para esperar mais. Sonhar é possível e a esperança transforma vidas hoje, agora”, conta Marcos Nisti, um dos idealizadores do movimento e CEO do Instituto Alana.
“O Planeta tem urgência”
Acreditar no futuro
Além da presença virtual, o Believe.Earth fará parte também do dia a dia, motivando cada vez mais pessoas a se juntarem ao movimento e se tornarem believers, transformando suas próprias histórias em inspiração.
‘Brinquedos do Chão’, de Gandhy Piorski, é o primeiro livro de uma série que irá discutir o brincar e os 4 elementos da natureza
Em 2016, o Instituto Alana lançou, em parceria com a editora Peirópolis, ‘Brinquedos do Chão: a natureza, o imaginário e o brincar’.
Este é o primeiro livro de uma série de quatro, do educador e artista plástico Gandhy Piorski.
Gandhy estuda o brincar e o brinquedo há mais de 20 anos. Por suas andanças Brasil afora, na busca por conhecer a criança brasileira, se deparou com a intimidade e o manejo que elas têm com os elementos da natureza. Assim, deu início a um estudo profundo sobre o brincar e os 4 elementos: terra, fogo, ar e água.
Nesse livro, o pesquisador adentra o universo do brincar com o elemento terra, e busca compreender como ele dialoga com o reino imaginário da criança.
Confira abaixo o bate-papo que fizemos com ele.
Instituto Alana – O professor Marcos Ferreira, que prefaciou o seu livro, diz que você é um pesquisador alimentado pela ‘curiosidade crianceira’. O que as crianças despertam em você?
Gandhy Piorski – A principio, não existia um interesse direto pela infância, mas pelo universo do artista brincante. As artes e as brincadeiras sempre chamaram a minha atenção. Além disso, sempre gostei muito de teatro de bonecos. Em meados dos anos 90, pude conhecer o mestre Zezito, e estudar com ele. Ele que me transmitiu um encantamento pela alma do brinquedo tradicional, feito por artesãos. Logo depois, montei uma oficina e comecei a construir brinquedos, propor projetos para arquitetar espaços de brincar, realizar oficinas com crianças e jovens da periferia de Fortaleza. E, finalmente, iniciei uma pesquisa própria. Fiquei até 1999 trabalhando quase que exclusivamente com construção de brinquedos.
IA – E quando a criança tornou-se o foco da sua pesquisa?
GP – Em 2003, ganhei a Bolsa Virtuose, cedida pelo Ministério da Cultura, para realizar um estudo no Museu do Brinquedo de Sintra, em Portugal. Conheci diversos pesquisadores, entre eles o professor João Amado, da Universidade de Coimbra, que pesquisa os brinquedos construídos por crianças da Península Ibérica. Um dia, durante uma conversa, ele me levou até as ruínas de Conímbriga, cheia de mosaicos, de brinquedos e brincadeiras das crianças romanas, e me deu uma aula sobre esses brinquedos. Em seguida, lançou a pergunta: você conhece as crianças do Brasil? Já pesquisou os brinquedos que elas constroem? Isso mexeu comigo e me conduziu a olhar para a criança.
IA – O significado do brinquedo mudou quando você começou a olhar para a criança?
GP – Mudou completamente. Quando entrei de cabeça no universo da infância o brinquedo estético e produzido perdeu a expressão para mim. Eu enxerguei uma camada anterior – que é a imaginação da criança – e que falava com muito mais riqueza sobre o universo da infância. Afinal, é na imaginação que residem todos os elementos do brincar. O brinquedo foi perdendo sua concretude.
IA – Depois dessa nova ótica para o brinquedo, como você guiou suas pesquisas?
GP – Eu voltei de Portugal e, no mês seguinte, já estava no Pará, em áreas ribeirinhas de Belém, olhando as crianças. Além disso, fiz um trabalho para a Instituição Dragão do Mar. Eles me convidaram para montar uma grande exposição de brinquedos construídos por crianças cearenses. Fiz uma pesquisa de dois anos, em 25 regiões do Ceará. Foi dessa experiência – entre 2005 e 2007 – que, finalmente, nasceu o livro Brinquedos do Chão. Ou seja, a escrita foi no campo – eu parava a noite e escrevia. Então, comecei a entrar de cabeça nos elementos da natureza, relacionando-os com o brincar.
IA – O que a criança busca quando brinca com os elementos da natureza?
GP – Sobretudo, busca um anseio humano muito antigo, de se entranhar no mundo e conhecê-lo nas suas múltiplas dimensões. Nesse sentido, a força imaginária conduz a criança a conhecer as experiências mais estruturantes da vida. E essas experiências estão na natureza.
IA – E o que ela busca ao brincar com a terra em específico?
GP – A brincadeira da terra é uma brincadeira de estrutura. A criança busca a inteireza, a concretude da vida, quer compreender os materiais no todo e manifesta isso nos seus fazeres. No livro eu falo sobre as investigações do oculto: abrir os animais para ver o que tem dentro, cavar a terra, a brincadeira de esconde-esconde. Esses momentos revelam o fascínio do encontro. Em outras palavras, a criança tira os véus da vida para poder criar intimidade e se aninhar com o mundo, bem como conhecer os fundamentos de todas as coisas e a terra permite essa descoberta.
IA – Você afirma no livro que a imaginação é a verdade da criança. Poderia explicar?
GP – A imaginação é a faculdade com a qual a criança dialoga com a vida. É o oposto da consciência racional, que analisa e cria conceitos. A imaginação é fundada pelo simbólico, pelo encanto, e não por uma linguagem moralista. O olhar simbólico nos deixa permear pelas matérias do mundo. Já o olhar analítico nos afasta das experiências. Quem vive por mais tempo o alimento imaginário constrói uma organização sensorial mais aprofundada. Por isso, precisamos educar as crianças, desde cedo, nessa expressão do imaginário.
IA – Existe um imaginário que atravessa as diferentes culturas infantis?
GP – Sim. O contato com a elementaridade do mundo dá uma universalidade para o brincar. O barquinho, por exemplo, é universal na cultura das brincadeiras. O menino que nasce no sertão vai acessar o elemento água tanto quanto o menino que nasce na beira da praia. Mas as narrativas serão diferentes, pois a cultura vai dar o contorno para as brincadeiras. O menino do mar constrói um barquinho de forma mais refinada do que o do sertão. No entanto, os dois contêm em si os mesmos elementos imaginários da água. Isso é um arcaísmo genético. A água acorda informações genéticas comuns aos dois meninos, porque essas informações estão no fundamento do humano.
IA – A exposição que acompanha o lançamento do livro traz brinquedos que crianças construíram com sucatas da cidade. Como relacionar com os brinquedos do chão, feitos com elementos da natureza?
GP – Ela vem para dar um contraponto. Não precisamos ficar restritos ao sonho ideal do brincar na natureza. O mais importante é conhecer a imaginação da criança, como ela se estrutura. A partir disso, encontrar no mundo espelhos que alimentem essa imaginação. Nessa exposição, estão expostos brinquedos feitos com materiais da indústria. Mas não qualquer material, são sucatas inteligentes, como um freio de bicicleta – que abre ramos na imaginação e evita o linear. É preciso criar encantamento nas matérias, porque a imaginação é do reino do encanto, ele que acorda o interesse vivo em criar.
IA – Qual o convite que o livro faz ao leitor?
GP – O livro trata sobre a base fundamental de diálogos da criança com o mundo. Ele inaugura uma reflexão sobre o comportamento imaginador da criança. É para todos que se interessam pela criança. Pessoas da área da cultura que produzem obras para crianças, artistas, arquitetos que têm pensado ambientes para a infância, urbanistas, bem como educadores que estão nas escolas.
‘Gestos do Chão’, de Gandhy Piorski
Durante o lançamento do livro foi exibido o filme Gestos do Chão. O curta-metragem discute a relação do elemento terra com o corpo e a imaginação da criança. A partir de depoimentos de um permaculturista, um arquiteto e um coreógrafo, ele aborda como a paisagem, a matéria e o gesto do brincar fundamentam na criança noções matriciais de pertencimento e identidade. Com direção de Gandhy Piorski e Renata Ursaia, o filme está disponível na plataforma VIDEOCAMP.
Confira as fotos do lançamento em São Paulo, no dia 05 de novembro de 2016: