ApĂłs cortar o cordĂŁo umbilical entre um bebĂȘ e uma mĂŁe, o que resta? âA construção de um cordĂŁo imaginĂĄrio essencial na vida de qualquer criança e adolescente saudĂĄvel.â Esta Ă© a resposta da coordenadora de Educação do Instituto Alana, Raquel Franzim. E esse cordĂŁo se chama vĂnculo.Â
Durante a vida, essa relação estĂĄvel, segura e acolhedora, passa a ser construĂda nĂŁo apenas com a mĂŁe, mas com outros adultos de referĂȘncia. E sĂŁo elas que, mesmo invisĂveis, seguem ajudando a difĂcil tarefa de crescer, conviver, aprender e ser.Â
Falar em vĂnculo Ă© falar sobre a potĂȘncia das relaçÔes entre adultos e crianças. Ă por isso que, neste Dia das Crianças, queremos propor um olhar para essa relação como sendo o melhor presente que se pode dar. Na realidade, se trata muito mais de uma troca fundamental para o mundo que queremos construir. Â
Mesmo invisĂveis, os vĂnculos seguem ajudando a difĂcil tarefa de crescer, conviver, aprender e ser.Â
As crianças tĂȘm necessidades bĂĄsicas para crescer e se desenvolver, como se alimentar, habitar um lugar seguro, brincar e aprender. Mas como destaca Raquel, a construção deste cordĂŁo de afeto Ă© a necessidade mais urgente.Â
âNo momento presente, ele garante segurança e para o futuro, Ă© o vĂnculo estĂĄvel e sadio com o outro, o Ășnico elemento capaz de frear a violĂȘncia contra si, contra o outro e contra o meio ambienteâ, afirma. Â
O vĂnculo Ă© a relação, mas nĂŁo qualquer uma. Ă aquela que tem uma camada de reconhecimento do outro, de atenção, bem como de confiança.Â
âĂ um fio transparente que começa mais curtinho na infĂąncia e vai esticando ao longo da vida. Ele faz com que sejamos capazes de alçar longos vĂŽos, sempre sabendo para onde voltarâ, descreve a diretora-executiva do Instituto Alana, Carolina Pasquali.Â
Um vĂnculo estĂĄvel se faz cotidianamente em uma relação de confiança. Aos adultos, nĂŁo significa estabelecer um vĂnculo perfeito, mas estar atentos afetivamente Ă s crianças. Este ato contempla a existĂȘncia inteira dela.Â
No dia a dia, Ă© o processo de enxergar, conhecer seus medos, ouvir suas perguntas, apoiar suas curiosidades e anseios. E este presente ela levarĂĄ consigo para sempre.Â
“NĂŁo hĂĄ presente, tecnologia ou qualquer outro artefato que substitua a presença. O afeto e o vĂnculo de uma relação humana, especialmente quando falamos de desenvolvimento infantil. Criança precisa de gente: de sua famĂlia, comunidade e de outras crianças. E todos nĂłs precisamos mais de Humanidade.” (Pedro Hartung, coordenador dos programas Prioridade Absoluta e Criança e Consumo)
No Dia das Crianças ou em qualquer outro, nĂŁo hĂĄ presente melhor do que esse momento em que o adulto se abre para uma atenção afetiva e consegue escutar, partilhar com as crianças, e se encantar com o cotidiano por meio do olhar inusitado que elas tĂȘm.Â
Para a coordenadora do programa Criança e Natureza, o vĂnculo afetivo entre o adulto e a criança Ă© importante para desenvolver relaçÔes carinhosas, otimistas e de confiança com a vida. âCada criança criada em um ninho de amor, se torna uma criança e um adulto solidĂĄrio e empĂĄtico, e que contribui para uma sociedade mais humana e fraternaâ, diz Lais. Â
Nesse sentido, ir Ă escola, observar as nuvens, ler e conversar no jantar podem se transformar em grandes presentes. Ou seja, o afeto atravessa atividades cotidianas. Portanto, o vĂnculo pode se tornar especial e ser uma oportunidade de estar junto e se relacionar, fortalecendo este presente indispensĂĄvel.
Publicação mais do que necessåria nos tempos atuais.
Sob o meu ponto de vista, nada substitui uma escuta atenta e a presença.
Criança precisa
sentir a presença do olhar dentro do outro olhar,
Assim começa no outro a confiar.
Afeto gera possibilidades,
O amor melhora a humanidade.