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Filmes, trocas e atividades culturais na Virada Sustentável

VIDEOCAMP, Feira de Trocas de Brinquedos e Espaço Alana participaram do evento em São Paulo que contou com a parceria do Instituto Alana.

Exibição de filmes inspiradores, trocas de brinquedos, bate-papo e atividades culturais foram algumas das atividades do Instituto Alana na 5ª Virada Sustentável em São Paulo. Cada iniciativa colocou em pauta diferentes temas que compõe a perspectiva da Virada: educar para a sustentabilidade a partir de uma abordagem lúdica e positiva, inspirando as pessoas a enxergarem no tema um valor universal.

A Virada Sustentável reuniu centenas de atrações, atividades e conteúdos ligados aos temas da sustentabilidade (biodiversidade, resíduos, água, cidadania, mobilidade urbana, mudanças climáticas, direitos humanos etc.), realizadas simultaneamente em parques e espaços públicos, equipamentos culturais, universidades e escolas.

O VIDEOCAMP, plataforma global e gratuita que assume o cinema como uma poderosa ferramenta para a transformação social, esteve presente no Centro Cultural São Paulo exibindo o filme ‘Bikes vs Carros’ e no CEU Parque Bistrol, com os filmes ‘Território do Brincar’, ’Quem? Entre muros e pontes’, ‘Outro Olhar’, ‘Muito Além do Peso’, ‘Tarja Branca e ‘Criança, a Alma do Negócio’.

Na Praça Victor Civita, a Feira de Trocas de Brinquedos levou para lá pais, crianças e familiares para dar novos sentidos às bonecas, carrinhos, entre outros. A Feira, a Praça e a Virada, têm muito em comum: renovam o significado de objetos, de espaços, e de uma nova maneira de encarar o mundo. As trocas aconteceram na praça, uma área com o solo contaminado que foi transformada em um belo espaço de convivência. Além da Troca, educadores voluntários da Recreart fizeram a alegria da criançada com atividades coletivas, como pega-pega, esconde-esconde, brincadeira de roda, corrida de saco, entre outras. O CEU Formosa também fez parte dessa história e organizou sua própria Feira de Trocas, resultado de uma parceria entre o Instituto Alana e a Secretaria de Educação de São Paulo.

O Espaço Alana, no Jardim Pantanal, entrou no circuito e recebeu a “Virada Sustentável na Kebrada”, pontos do evento na Zona Leste. Lá foi exibido o documentário ‘Território do Brincar’, que mostra a geografia de gestos de crianças das mais diversas realidades brasileiras; líderes comunitários participaram de um bate-papo, além de oficinas de grafite, de breakdance e discotecagem.

E que venha a próxima edição!

Foto: Reprodução/ Facebook Alana

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Território lança material sobre o brincar nas escolas

Uma linda celebração tomou conta do espaço Itaú Cultural no último 5 de agosto. Mais de 500 pessoas, entre educadores, formadores, representantes do poder público, artistas e organizações da sociedade civil, se reuniram para prestigiar o lançamento do material “Território do Brincar: diálogo com as escolas”. A iniciativa é um desdobramento do Projeto Território do Brincar, um trabalho de pesquisa, documentação e sensibilização sobre a cultura da infância, coordenado pela educadora Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks, e correalizado pelo Instituto Alana.

Antes de partirem para uma viagem de 2 anos, em que entrariam em contato com diferentes infâncias brasileiras, Renata e David convidaram diversas escolas brasileiras a embarcarem junto com eles. A ideia era construir um diálogo sobre a infância a partir do que seria encontrado em campo. Seis escolas toparam o desafio; foram elas: CEI Alana, Escola Vera Cruz, Colégio Sidarta, Escola Casa Amarela, Escola Viverde e Colégio Oswald de Andrade.

Durante os dois anos de estrada, Renata e David realizaram encontros mensais com os educadores dessas escolas, a fim de relatar e refletir sobre o que as crianças das comunidades por quais passavam tinham a nos dizer e como essas manifestações poderiam ecoar na realidade escolar. Deste processo nasceu o material “Território do Brincar: diálogo com escolas”. Composta por um livro e dois DVDs, a produção busca despertar um olhar atento e sensível para a infância e sua linguagem mais potente: o brincar.

Durante o evento de lançamento, os presentes puderam assistir ao documentário que relata a parceria do projeto com essas seis escolas e também tiveram a oportunidade de conversar e tirar dúvidas com os representantes de cada escola.

Para assistir o evento de lançamento clique aqui.  Para fazer download gratuito do livro “Território do Brincar: diálogo com escolas” clique aqui.

Veja fotos do lançamento:

Veja também:
Território do Brincar mostra nova perspectiva da infância

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A percepção das crianças sobre a cidade de São Paulo

Em julho foi lançada a pesquisa Irbem Criança e Adolescente, realizada pela Rede Nossa São Paulo, com parceria do Ibope Inteligência e apoio do Instituto Alana (Prioridade Absoluta) e do Instituto C&A. Os dados mostram a percepção que pessoas entre 10 e 17 anos tem da cidade de São Paulo. Entre os resultados que preocupam, como da segurança (atributo que obteve menor índice de satisfação 5,1) e do consumo (59% das crianças ficam insatisfeitas quando não compram ou ganham um produto anunciado) foi possível perceber que ‘existe amor em SP’. Ao cruzar os dados ficou evidente que as crianças e adolescentes que brincam coletivamente, na rua, na praça, em parques têm uma relação melhor com seus vizinhos, com o bairro e uma satisfação maior em relação à cidade.

As crianças e adolescentes que fora do horário escolar realizam apenas tarefas ou brincadeiras individuais, como ajudar nos serviços domésticos, assistir TV, dormir durante o dia, ficar no computador, etc., tendem a ser menos satisfeitos com a qualidade de vida na cidade de São Paulo. Este grupo, formado principalmente por meninas (72%) e adolescentes entre 15 e 17 anos (59%), se diz “pouco satisfeito” em relação à cidade e considera o bairro “apenas um lugar para se morar”.

Já aqueles que empinam pipa, jogam bola, andam de bicicleta, ficam na rua, fazem passeios culturais, etc., se sentem parte de uma comunidade em relação ao bairro que moram (58%). Na avaliação da satisfação geral da qualidade de vida em São Paulo a média da nota (de 1 a 10) do grupo foi de 7,4, enquanto que no grupo de atividades individuais o número caiu para 6,6.

Entre as crianças, de 10 a 11 anos, 30% realizam atividades coletivas perante 10% que praticam individualmente. Das crianças que participaram da entrevista, 55% afirmam que brincar é a principal ocupação quando não está na escola, seguido de assistir TV (22%) e jogar bola (21%). As atividades praticadas nos parques, na rua ou em qualquer lugar fora de casa aparecem na pesquisa como variáveis importantes na relação das crianças e adolescentes com a cidade e no relacionamento com as outras pessoas. Vivenciar a rua no momento de lazer e tempo livre ajuda a construir uma percepção mais humana do bairro, da cidade e de seus moradores.

Foto: Via Flickr Brian Talbot

 

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Alana no Centro de Referências em Educação Integral

O Instituto Alana passou a integrar o Centro de Referências em Educação Integral, uma iniciativa da Associação Cidade Escola Aprendiz que, em parceria com outras organizações da sociedade civil, busca pesquisar e sistematizar caminhos possíveis para fortalecer a educação integral como agenda prioritária no país.

Com apoio do Ministério da Educação, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco), a proposta é contribuir para a formulação, implementação e aprimoramento de políticas públicas de educação integral a partir de ações de mobilização, formação e articulação de agentes estratégicos para o tema.

A iniciativa tem como pressuposto a ideia de que para educar uma criança de forma plena, é necessário olhar para seu desenvolvimento integral – cognitivo, emocional, corporal, cultural e social – e ampliar suas possibilidades formativas através dos diversos atores, espaços e tempos disponíveis no território. A Educação Integral defende que todos – escola, família, comunidade, organizações sociais e culturais, e a própria cidade – são educadores e aprendizes de um mesmo processo colaborativo de aprendizagem e que a própria vida é, por si, uma grande, permanente e fluída escola.

Nesta nova parceria que se inicia o Alana, juntamente com outras organizações não governamentais, contribuirá para a discussão e avanço da temática no Brasil. Para Ana Claudia Leite, coordenadora de Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana, o Centro de Referências é uma oportunidade para potencializarmos as transformações da educação brasileira. “A iniciativa reúne várias pessoas e instituições em prol de uma concepção de educação mais ampla, que reconhece a importância da educação dialogar com o território e com as reais necessidades das crianças”, ressalta.

Além do Alana, passaram a integrar a iniciativa o Instituto Rodrigo Mendes e o Instituto C&A. Para saber mais sobre o Centro de Referências em Educação Integral, clique aqui.

Foto: Ajith Kumar via Flickr

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25 anos do ECA: dia de brincar e comemorar 

No último domingo (5 de julho) crianças, adolescentes e adultos festejaram os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) durante um dia cheio de brincadeiras no Largo da Batata, em São Paulo. A mobilização que ganhou o nome de “Juntos pelo Brincar” começou há alguns meses, quando diversas organizações da sociedade civil, que defendem os direitos das crianças e trabalham para promovê-los, se uniram em torno da ideia de celebrar o ECA de uma maneira lúdica.

Foram inúmeras reuniões, conversas e articulações para garantir um dia memorável com diferentes atrações para as crianças. E, mesmo sendo o dia mais frio do ano, a temperatura não espantou pessoas dispostas a ocupar o espaço público por meio do brincar. Corda, bambolê, bicicleta, pintura, giz, jogos de tabuleiros, trepa-trepa, troca de brinquedos e muitas outras atividades estavam espalhadas pelo Largo da Batata. E não foram só os pequenos que brincaram: os adultos também se divertiram com a corrida de saco, as bolinhas de sabão, a ioga, a contação de histórias e muitas outras atividades, além de serem embalados pelas músicas da Banda Alana e pelo show Brasileirinhos. Quem passou o dia inteiro por lá renovou as energias com os food bikes distribuídos pelo espaço.

A mobilização contou com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo e da Subprefeitura de Pinheiros. E foi construída coletivamente com base em três eixos importantes garantidos pelo ECA: o direito ao brincar, fundamental no desenvolvimento da criança e do adolescente; o direito à convivência familiar e comunitária como forma de inserção no meio social para que eles interajam com o mundo de maneira saudável e segura; e o direito ao espaço público para encorajar as crianças e adolescentes a se reconhecerem como cidadãos e sujeitos de direitos.

O dia foi além da diversão, a frase “Brincar é solução, redução não” no fundo do palco lembrou o momento crítico que vivemos de ameaça às conquistas do ECA. Um boneco gigante também percorreu a praça com outra mensagem importante: “Diga não ao trabalho infantil”. E uma peça de palhaços explicou para a criançada a importância do Estatuto, que virou Lei no dia 13 de julho de 1990 e foi inspirado nas diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988.

Terminada esta mobilização fica a sensação de que realizamos uma festa colorida, divertida e alto astral para comemorar os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. E que venham outros aniversários, conquistas e cada vez mais pessoas, atores e organizações empenhados em proteger e fazer valer os direitos das crianças e dos adolescentes.

Assista ao vídeo produzido pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania:

Veja fotos da comemoração:

Foto capa: Laura Leal

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Alana na Undime: trocas, conversas e muito trabalho

Foi uma semana intensa de trocas, experiências e inúmeras conversas na Bahia. O Instituto Alana levou seus projetos, entre os dias 16 e 19 de junho de 2015, para o 15ª Fórum Nacional da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação). No estande montado na Costa do Sauípe (BA), prateleiras recheadas com materiais explicando um pouco do trabalho do Alana, sobretudo na área de educação. No evento, mais de duas mil pessoas que representavam cerca de 1.100 municípios, entre eles, secretários de educação e gestores municipais.Undime1

Na abertura do Fórum, o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e a Ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, falaram sobre a necessidade dos ministérios trabalharem de forma integrada e que isso se reflita no município. Alguns resultados já podem ser vistos e sentidos: 43 milhões de crianças são alimentadas diariamente por meio da merenda escolar, o que ajudou o Brasil a sair do mapa da fome. “A colaboração intensa entre os ministérios e a rede de educação municipal é a principal responsável por capilarizar isso por todo o país”, disse Janine Ribeiro.

Tereza Campelo salientou que a parceria com os municípios é o que viabiliza a realização dessa e de outras políticas sociais como o Bolsa Família, que atrela o benefício à educação. Na avaliação da Ministra, o Brasil vem avançando na agenda social, mas ainda há muito a fazer. “Queremos toda criança na escola. Garantir isso é um esforço para o próximo período”, ressaltou a ministra.

Durante a semana, entre os secretários e gestores que passaram pelo estande do Alana, muitas conversas e boas parcerias. Entre eles, levas de apaixonados pelo Território do Brincar, muita gente profundamente inspirada pelo Outro Olhar e dezenas de secretários empolgados com a possibilidade de reconhecer os professores de suas redes que estão incentivando seus alunos a levarem adiante projetos de transformação, para inscrevê-los no Desafio Criativos da Escola.

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Como forma de inspirar mais gente a se unir ao movimento, a equipe do Alana conduziu, no dia 18, uma oficina de Design Thinking aplicado à Educação: uma oportunidade para aprofundar a abordagem que norteia o Criativos e refletir sobre os desafios que cada município enfrenta.

Muitas conversas só começaram. O Alana espera agora levar essas trocas adiante, com a certeza de que há muito a ser feito.

Informações obtidas no site da Undime.

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Rodrigo Libanio e uma manhã de brincadeiras no Alana

Na última quarta, 24 de junho, o Instituto Alana recebeu em sua sede o educador e brincante mineiro Rodrigo Libanio Christo, que há mais de 40 anos se aventura no universo dos brinquedos e brincadeiras, explorando toda a sua magia e possibilidades.

Acompanhado de sua esposa, Michela Van Doornik, Libanio transportou a equipe Alana para o universo da infância. Brincadeiras de roda, cantigas, construção de brinquedos e um mergulho no mundo dos barbantes levaram todos ao encontro com sua própria criança. Para Rodrigo, esse é o grande presente da brincadeira: “A criança é inteira sentido e, conforme vamos crescendo, vestimos máscaras, que vão formando a nossa persona. Brincar é resgatar o que de mais profundo vive em nós”.

O educador acredita que todos aqueles que lidam com crianças deveriam, pelo menos uma vez ao mês, se entregar à brincadeira como forma de autoconhecimento: “Para educadores, é indispensável um tempo para trabalhar consigo mesmo, pois o desenvolvimento pessoal do adulto é fundamental para o contato com o universo lúdico da criança”.

Vivências como a que Rodrigo trouxe ao Instituto Alana buscam proporcionar exercícios de alegria, integração, conhecimento e relaxamento e, além disso, também despertam uma sensibilidade profunda, que nos leva a refletir sobre os caminhos que devemos seguir para cuidar de nossas crianças. Para a equipe Alana, que trabalha diariamente na busca por honrar a criança e defender seus direitos, vivências como essa são revigorantes.

Ao final da manhã, recuperamos a sensação gostosa daquele cansaço que toma conta do corpo após tantas brincadeiras e alegria. Um cansaço comum à infância, e que se torna tão raro na vida adulta.

Para fechar a vivência, recebemos a visita do escritor Frei Betto, irmão de Rodrigo e Conselheiro do Instituto Alana.

Para conhecer o trabalho de Rodrigo e Michela, acesse o canal da dupla no Youtube. Juntos, eles também dirigem a Oficina Voluntários Brincantes de jogos e brinquedos.

Veja fotos da vivência no Alana:

 

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TV não pode ser o único alimento pedagógico da criança

As crianças brasileiras têm ocupando cada vez mais o tempo fora da escola na frente da televisão. Em 2004 o tempo médio por dia de exposição à TV foi de 4h43, ao longo dos anos esse número aumentou e em 2014 chegou a 5h35. Os dados foram obtidos a partir do Painel Nacional de Televisão, do Ibope Media, que registrou a evolução do tempo dedicado à TV (canais abertos e fechados, não inclui os programas assistidos sob demanda) por crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de todas as classes sociais em 15 regiões metropolitanas do Brasil..

Os dados revelam uma situação critica na maneira como as crianças estão se “alimentando pedagogicamente”, alerta a psicoterapeuta infantil e conselheira do Projeto Criança e Consumo, Ana Olmos. “A criança fica passiva em frente à televisão, como se dispusesse do desejo de sujeito, fica como objeto em relação à televisão, pois se trata de uma mídia sem interatividade”, aponta. “Há outros alimentos pedagógicos que as crianças precisam ingerir na sua fase de desenvolvimento, como atividades físicas e brincadeiras”, completa.

Além disso, a “televisão com seus conteúdos multifacetados afasta a possibilidade da criança ficar sozinha consigo mesmo, um aprendizado fundamental para a vida toda”, esclarece a psicoterapeuta infantil. “São esses contatos diários com a realidade, nas brincadeiras, nos estudos e nas atividades físicas, por exemplo, que vão auxiliar o desenvolvimento da criança, principalmente nas funções cognitivas, como a concentração, por isso é muito importante diminuir o tempo da criança na frente da TV”, explica.

Outra questão preocupante é que quanto mais tempo na frente da televisão, maior a quantidade de publicidade que a criança entra em contato. A publicidade dirigida ao público infantil contribui para o agravamento de questões como obesidade infantil, erotização precoce e consumo de álcool e tabaco, estresse familiar, violência e diminuição do brincar. Considerando também que a criança brasileira é a que passa mais tempo na internet (Softwares Symantec, 2010), sobra pouco tempo para brincar, estudar e assim se desenvolver plenamente.

Foto: Via Flickr Tory

 

 

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PL 5921 ganha site para mobilizar a sociedade

O Projeto de Lei 5921, que regula a publicidade infantil, está na Câmara dos Deputados desde 2001 e deve ser votado pela Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC) nas próximas semanas; projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, lança site pela mobilização social

A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados Federais, deve colocar em votação nas próximas semanas o Projeto de Lei 5.921/2001, de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), que busca a restrição do direcionamento de publicidade a crianças com até 12 anos de idade. O PL está em tramitação na Câmara há 14 anos e aguarda o parecer do deputado relator Arthur Maia (SD/BA) sobre sua constitucionalidade para ser votado pelos membros da CCJC.

O PL 5.921/2001 é o Projeto de Lei mais relevante sobre o tema da publicidade infantil. Por isso, o projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, lança o site publicidadeinfantilnao.org.br, que tem como um dos objetivos mobilizar a sociedade em torno do tema.

Na aba Mobilize-se, o internauta pode mandar um e-mail padrão para todos os deputados da CCJC pedindo a aprovação do PL nos termos do texto aprovado em 2008, na Comissão de Defesa do Consumidor, de autoria da então deputada Maria do Carmo Lara. O Instituto Alana entende que o texto é o que melhor protege a criança, pois prevê a proibição de qualquer comunicação mercadológica dirigida ao público de até 12 anos de idade.

O site ainda explica em detalhes todo o histórico do PL 5.921, por meio de uma linha do tempo que mostra, ano a ano, o desenrolar de todo o processo da tramitação do projeto. Ali é possível ver, por exemplo, as audiências públicas, as tentativas de conciliação, as mudanças de relatores, a publicação em 2014 da Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) considerando abusiva a publicidade dirigida às crianças.

Acesse o site publicidadeinfantilnao.org.br

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Duas feiras, dois espaços e muitas trocas

Domingo, 24 de maio de 2015 – Slow Kids (Parque Burlemarx). Em uma tenda no gramado, papeis e varais são pendurados, enquanto inocentes canetas coloridas aguardam ansiosas por mais uma Feira de Trocas de Brinquedos. Crachás, poemas, esteiras e cangas. “Cadê papel pra desenhar? Esse chão é mole, não dá pra tinta pegar”. Nomes, etiquetas, alfabeto, objetos, tamanhos, preços e histórias. “Não vou escrever meu nome com esta caneta cor-de-rosa…”

Num canto, uma mãe incentiva: “Você tem que decidir sozinho sobre se quer ou não fazer esta troca, meu filho.” Pontos de interrogação acendem na criança que depois de muito ponderar toma a decisão segura de que quer sim trocar.

Outra mãe acompanha a saga de seu filho, que insistentemente tenta trocar seu brinquedo por um grande dinossauro. Sem conseguir o que quer, ele chora indignado. Em meio aos prantos do filho, a mãe o abraça e sussurra com firmeza: “Mamãe vai comprar um igualzinho pra você, tá?! Vamos embora.” Assim, o filho aceita, a lágrima seca e ele se desapega do desejo pelo dinossauro para se apegar à promessa do novo brinquedo.

A criança dona do dinossauro (de mais ou menos 10 anos) explica que ali só há crianças mais novas e que ele não tem interesse em brinquedos de “criança”. “É difícil para elas entenderem que eu não quero seus brinquedos por conta da diferença de idade.”

Ali perto, uma menina, de uns 10 anos, diz: “Aqui só tem brinquedo de menino”, enquanto analisa os brinquedos disponíveis: carrinhos, monstros, bonecos de ação. Ela suspira “até que enfim…” quando vê outras meninas chegando com brinquedos para trocar.

“Precisamos de mais etiqueta?”. “Parece que pegaram um brinquedo sem avisar o dono”. “Avisa que para fazer a troca direta – criança com criança – tem que haver consenso e o entendimento do que é o conceito da troca.” Um menino ao lado chora e diz que quer destrocar o brinquedo trocado porque tinha se arrependido. A outra criança já havia ido embora.

Perto dali, na bancada de brinquedos sem-dono, as trocas não precisavam de mediação: a criança escolhia um brinquedo e deixava outro no lugar. Uma criança segura uma boneca. Segundo sua mãe “a boneca foi escolhida hoje de manhã depois de muito pensar”.

Duas meninas fixam suas esteiras e se instalam ali por horas. Elas parecem ter encontrado uma mina de ouro: uma criança chega, estica a mão, mostra o que é. Seus olhos brilham, sorriem, e olham para baixo dizendo mentalmente “pode escolher o que quiser”. A criança, então, escolhe e sai meio desacreditada, meio feliz de ter realizado uma troca tão fácil, depois de tantas tentativas.

A graça para as duas crianças era trocar o máximo de vezes possível e verem seus brinquedos circularem: alguns voltavam ao stand depois de serem trocados diversas vezes.

Sábado, 30 de maio de 2015 – Espaço Alana (Jardim Pantanal)

O dia amanheceu bonito: as cores, o clima, a vibração da nossa retina. Ao longe, uma grande tenda personalizada, um banner feito à mão, o detalhe pequeno dos jarros de flores, a toalha de mesa, as placas estilizadas indicavam espaços específicos: “Entrada”, “Saída”, “Brinquedos sem-dono”, “Crie seu monstro”. Coloca o crachá, escreve o nome, a fila cresceu, faltam esteiras, etiquetas. “Atenção! Atenção! A regra é brincar e trocar.”

Aproximadamente 100 crianças e jovens aguardavam a abertura dos portões. As indicações nas placas eram esquecidas, o crachá passou a ser secundário – todos já se conheciam pelo nome. Guardavam brinquedos uns dos outros, pegavam alguns sem pensar. “Fiquem calmos, deixa rolar”. Não precisa de esteira. As crianças passeiam, batem as mãos lambuzadas de água e sabão, pulam corda a milhão e adoram uma competição.

Na bancada de Luiz um caixote que diz: “Crie seu monstro”. Canos, canudos, pedaços de coisas, cabeças, colas, papeis e tesouras. Franksteins começavam a pipocar no boca-a-boca da feira de trocas. “Ô tia, você tem que tirar foto do monstro do meu amigo”. “Esse Woody estava sem os braços. Peguei os braços de uma Barbie quebrada e coloquei no lugar. Colei também uma argola e fiz dele um chaveiro. Agora estou aqui para trocar.”.

“Ô tia, esse brinquedo aqui pode pegar?”. “Só se você trouxer outro e colocar no lugar”. “Mas eu não tenho nada”. “Você não quer criar?”. Puxa, estica, amassa, embola, fecha, gruda, chuta. O menino sai correndo com sua nova bola com um grande valor agregado: jornal, fita adesiva, celofane e uma bexiga enchida com ar do seu próprio pulmão. Ele se esquece de voltar para a Feira de Trocas para troca-la pelo brinquedo que havia lhe interessado.

Um grupo brinca com um tecido colorido grande circular. Em roda, um líder tenta “Agora com calma…  com calma…”. Em pequenos e silenciosos movimentos ele tenta fazer com que a roda entre em seu ritmo. A maior parte das crianças estavam frenéticas, pulando, gritando, exigindo que o líder abandonasse o cargo e jogasse a toalha, dando-lhes as rédeas do ritmo. A calma e o freio, a pressa e a liberdade…

O grupo com crianças e jovens estiveram por mais de 4 horas funcionando como uma máquina de trocas e de brincar. Os motores em combustão são a parte humana da questão, que move e depende de um circuito mais amplo para funcionar bem. Criaram novos brinquedos, praticamente não fizeram desenhos, eliminaram as esteiras da jogada, se concentraram na “Bancada dos Brinquedos Sem-dono” seguravam os brinquedos no corpo e não contavam com ajuda de adultos, apenas com os monitores da feira .

Duas Feiras de Trocas, dois contextos, muitas medidas. Na primeira, com cerca de mil pessoas e 6 voluntários, os adultos participaram das trocas tanto quanto as crianças. Na segunda, trabalhamos com um grupo fixo de cerca de 100 crianças e jovens e éramos 10 voluntários. As crianças chegavam sem os pais, em grupos de amigos. Nas duas situações: muita energia, criatividade, resistência pelas regras e a adaptação da lógica da feira para que atendesse às necessidades trazidas pelas crianças. Na primeira, muitos brinquedos, argumentos e desenhos. Na segunda, muita invenção de brinquedos e brincadeiras e quase nenhum desenho. Nas duas felicidade e frustrações.

Relato de Renata Franco que coordenou as duas Feiras de Trocas do Alana que ocorreram durante a Semana Mundial do Brincar.

Veja fotos das duas Feiras de Trocas: