Crianças em frente a diversas telas de televisão

TV não pode ser o único alimento pedagógico da criança

FacebookTwitter

As crianças brasileiras têm ocupando cada vez mais o tempo fora da escola na frente da televisão. Em 2004 o tempo médio por dia de exposição à TV foi de 4h43, ao longo dos anos esse número aumentou e em 2014 chegou a 5h35. Os dados foram obtidos a partir do Painel Nacional de Televisão, do Ibope Media, que registrou a evolução do tempo dedicado à TV (canais abertos e fechados, não inclui os programas assistidos sob demanda) por crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de todas as classes sociais em 15 regiões metropolitanas do Brasil..

Os dados revelam uma situação critica na maneira como as crianças estão se “alimentando pedagogicamente”, alerta a psicoterapeuta infantil e conselheira do Projeto Criança e Consumo, Ana Olmos. “A criança fica passiva em frente à televisão, como se dispusesse do desejo de sujeito, fica como objeto em relação à televisão, pois se trata de uma mídia sem interatividade”, aponta. “Há outros alimentos pedagógicos que as crianças precisam ingerir na sua fase de desenvolvimento, como atividades físicas e brincadeiras”, completa.

Além disso, a “televisão com seus conteúdos multifacetados afasta a possibilidade da criança ficar sozinha consigo mesmo, um aprendizado fundamental para a vida toda”, esclarece a psicoterapeuta infantil. “São esses contatos diários com a realidade, nas brincadeiras, nos estudos e nas atividades físicas, por exemplo, que vão auxiliar o desenvolvimento da criança, principalmente nas funções cognitivas, como a concentração, por isso é muito importante diminuir o tempo da criança na frente da TV”, explica.

Outra questão preocupante é que quanto mais tempo na frente da televisão, maior a quantidade de publicidade que a criança entra em contato. A publicidade dirigida ao público infantil contribui para o agravamento de questões como obesidade infantil, erotização precoce e consumo de álcool e tabaco, estresse familiar, violência e diminuição do brincar. Considerando também que a criança brasileira é a que passa mais tempo na internet (Softwares Symantec, 2010), sobra pouco tempo para brincar, estudar e assim se desenvolver plenamente.

Foto: Via Flickr Tory