“Quando a gente entra no quarto de uma criança pode acontecer de ter aquela famosa caixa de brinquedos. Ao abri-la, você consegue sentir o odor dos voláteis e inala diversos componentes”, descreve a coordenadora da pesquisa, Vânia Zuin. Professora e química, ela esteva na conversa de lançamento da publicação, organizada pelo Criança e Consumo. O evento ocorreu durante a Semana Sem Plástico.
Descartabilidade
Estima-se que, no Brasil, entre 2018 e 2030, sejam produzidos 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico. E apenas no mercado formal. Muitos deles são compostos também por pigmentos, brilho, glitter, entre outros. Isso torna o processo de separação de materiais para reciclagem ainda mais complexo, caro e inviável. Além disso, o produto pode permanecer no meio ambiente por séculos.
As embalagens geram problemas ao meio ambiente pela sua rápida descartabilidade. O estudo estimou a geração de 582 mil toneladas de plástico, nos mesmos doze anos, no país.
“Metade de todo o plástico produzido na história da humanidade foi feito nos últimos 15 anos. Então, o problema é muito recente. Quando a gente olha para a questão do consumismo, principalmente na infância, é importante pensar quais são os valores e hábitos que estamos passando para as crianças. Estamos passando a descartabilidade de materiais, bem como da vida, pois contaminamos outras seres humanos, animais marinhos e o meio ambiente todo”, alerta JP Amaral, mobilizador do Criança e Consumo.
Indústria de brinquedos de plástico
A indústria de brinquedos tem alimentado a cultura de consumo e descarte desenfreado de plástico por meio de estratégias de marketing direcionadas às crianças. No entanto, no Brasil, a publicidade infantil é considerada ilegal e abusiva. Ainda assim, o setor de brinquedos é campeão de anúncios dirigidos a este público, principalmente em plataformas digitais e canais infantis da TV a cabo.
Assim, a publicação ressalta soluções possíveis a fim de propor caminhos que contribuam para proteger as crianças e o meio ambiente. Entre elas estão a efetiva proibição da publicidade infantil e o desenho de novos brinquedos verdes e sustentáveis. Além disso, o estímulo à economia circular, o brincar livre na natureza e o incentivo à troca de brinquedos.
A pesquisa foi conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a pedido do Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.
O caso da menina de 10 anos que ganhou os noticiários em agosto de 2020 evidencia a triste realidade de que a violência contra as mulheres começa desde cedo e de múltiplas formas. Em virtude deste cenário, o Instituto Alana reafirma sua prioridade em garantir uma infância digna a todas as crianças.
De acordo com a pesquisa do Instituto Liberta, crianças e adolescentes de até 13 anos representam mais da metade das vítimas dos casos de estupro registrados no país em 2021. Os dados indicam ainda que, ao menos quatro meninas, menores de 13 anos, são estupradas por hora no Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são familiares ou pessoas próximas à família que cometem a maioria dos crimes.
Não é possível proteger a infância e a adolescência com absoluta prioridade sem assegurar os direitos de todas as meninas e mulheres. Tampouco é aceitável que crianças sofram outras violências, como a violação de sua privacidade e a exposição de dados pessoais. Ou mesmo de ter sua dignidade e integridade aviltadas, em contrariedade ao que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e outras leis de proteção à infância.
Infância digna, livre de violências
É preciso considerar toda criança e adolescente como sujeito. Afinal, é dever da família, da sociedade, e também do Estado assegurar a eles com absoluta prioridade, o direito à vida e à saúde. E “colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (Artigo 227, Constituição Federal).
Em casos de violações de direitos, é necessário assegurar todo suporte e atendimento para evitar novas violências. Isso inclui o apoio em garantias previstas em lei, inclusive nas hipóteses legais de interrupção da gravidez.
Portanto, precisamos assegurar com prioridade a defesa dos direitos das crianças. Eles devem ser respeitados de acordo com a legislação brasileira vigente. Por fim, garantir que crianças tenham uma infância digna e que possam ser apenas crianças.
O mundo digital é um espaço que oferece oportunidades de conexão e socialização com os amigos, familiares e até mesmo com as escolas. Mas, apesar de ter se fortalecido no atual cenário causado pela pandemia do coronavírus, esse ambiente também traz desafios e riscos para o desenvolvimento pleno das crianças e adolescentes.
Para contribuir e auxiliar famílias e educadores, o Instituto Alana realiza o evento “Ser Criança no Mundo Digital – série de conversas online”. A iniciativa tem o apoio do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), da SaferNet, e do portal Lunetas. Os diálogos serão transmitidos no link sercrianca.alana.org.br e terão recursos de acessibilidade (intérprete de Libras e legenda em tempo real).
No total, seis conversas abordam temas relacionados ao uso da tecnologia por crianças e adolescentes. Além disso, é discutido o papel da família, das escolas, do Estado, das empresas e de plataformas de tecnologia no mundo digital.
A estreia da série de conversas acontece no dia 26 de junho, às 17h. Os encontros seguintes serão nos dias 03, 17 e 24 de julho e 07 e 14 de agosto. Cada mesa conta com a participação de especialistas das áreas da educação, psicologia, tecnologia e direito, que dialogam e respondem perguntas do público.
“Ser criança no mundo digital”: confira a programação
Mundo digital e o papel da família
26 de junho, às 17h – “Crianças no mundo digital: oportunidades e desafios”
Apresentará um panorama geral do tema e os impactos da relação da criança com as tecnologias digitais em seu desenvolvimento integral. Com Vera Iaconelli, doutora em Psicologia pela USP; Rodrigo Nejm, diretor de educação da Safernet; e mediação de Carolina Pasquali, jornalista e diretora executiva do Instituto Alana.
3 de julho, às 17h – “O papel das famílias na relação da criança com o mundo digital”
O bate-papo abordará os caminhos que as famílias podem seguir para construir uma relação saudável, criativa e segura das crianças com a internet. Com Karina Menezes, pedagoga, presidente do Raul Hacker Club de Salvador Bahia e idealizadora do Projeto Crianças Hackers; Roberta Ferec, escritora, autora do livro “Tela com cautela” e mediação de Maria Isabel de Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana.
17 de julho, às 17h – “A participação das crianças no mundo digital”
Abordará os modos de ser, conviver e participar deste ambiente e a importância de estimular a cidadania digital. Com Inês Vitorino, Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas; Ariane Cor, cofundadora do Minas Programam e mediação de Raquel Franzim, coordenadora da área de Educação do Instituto Alana.
24 de julho, às 17h – “Tecnologia como oportunidade de educação para todos”
O diálogo será sobre tecnologia na eliminação de barreiras sociais e os diversos caminhos de aprendizagem. Com Rita Bersch, mestre em design pela UFRGS, com pesquisa na área de Tecnologia Assistiva; Odara Delé, professora da rede estadual de ensino de São Paulo e criadora do projeto e aplicativo Alfabantu; e mediação de Raquel Franzim, coordenadora da área de Educação do Instituto Alana.
Papel do Governo, das empresas e das plataformas de tecnologia
7 de agosto, às 17h – “Como garantir os direitos das crianças no mundo digital?”
Será abordado a responsabilidade do desenvolvimento produtos e serviços que assegurem uma experiência digital ética, segura e criativa para toda criança. Com Marina Pita, Coordenadora do Intervozes; Paulo Rená, mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília; com mediação de Renata Assumpção, responsável pelos estudos de desigualdade e infâncias do Instituto Alana.
14 de agosto, às 17h – “Exploração comercial da criança no mundo digital”
O diálogo será sobre as garantias de proteção dos dados das crianças frente à exploração de todo tipo, inclusive comercial. Com Danilo Doneda, advogado e professor; Kelli Angelini, mestre em Direito Civil pela PUC-SP e gerente da Assessoria Jurídica do NIC.br; e mediação de Isabella Henriques, advogada e diretora executiva do Instituto Alana.
Brincar em família, fortalecendo vínculos dentro de casa, é o convite do Alana na Semana Mundial do Brincar
Brincar em família é um convite à liberdade. Sinônimo de vínculo, essa também é uma linguagem genuína da criança para se conectar com o universo ao seu redor.
“Antes de tudo, brincar está mais relacionado à disponibilidade afetiva e ao tempo do adulto do que a espaços luxuosos ou brinquedos modernos.” Quem afirma é a pedagoga e mestre em Educação, Clélia Rosa. Durante o evento organizado pelo Espaço Alana, na Semana Mundial do Brincar, ela nos motiva a olhar para a presença.
A discussão ganha destaque com a chegada da Covid-19. Diante das incertezas trazidas na quarentena, pode ser desafiador para muitas famílias proporcionar um espaço potente de brincadeiras em casa.
“Mas a infância dos dias pode ser a infância das coisas simples, a infância da vida real”, diz. Clélia. Ou seja, mesmo sem sair de casa, as crianças não precisam de atividades “pedagógicas”, direcionamentos ou estímulos intencionais. Logo, o segredo é deixar que elas guiem a brincadeira.
Acima de tudo, a liberdade no ato de brincar pode nascer na relação com objetos do cotidiano. Potes, panelas e as vivências rotineiras, como cozinhar ou arrumar a cama, se tornam fontes de inspiração. As crianças estão prontas para nos ensinar a percorrer os caminhos imaginativos da infância e de encantamento com a vida.
Semana Mundial do Brincar
Estas e outras reflexões foram discutidas durante um bate-papo realizado na página do Espaço Alana no Facebook. A mediação foi feita pela coordenadora de Educação do Instituto Alana, Raquel Franzim. A conversa é parte da programação da 11ª edição da Semana Mundial do Brincar, uma iniciativa do Aliança pela Infância.
O evento foi realizado inteiramente online, entre os dias 25 e 29 de maio, em parceria com diversas organizações. O tema da edição foi o “Brincar entre o céu e a terra”, destacando a importância do brincar e do cultivo da imaginação na infância.
Brincar em família
Quando se pensa em brincar em família, o mais evidente é imaginar o cenário externo. Mas é fundamental olhar para dentro: há momentos em que os adultos estão inundados com outras preocupações e urgências.
No cenário atual, muitas famílias viram seus planos e perspectivas se desmancharem e até mesmo enfrentaram a escassez de recursos básicos. Em muitos casos, não restou lugar entre as dores e aflições para cultivar vivências de brincadeira com as crianças. No entanto, é preciso se acolher, se permitir ser falível para então cuidar do outro.
“Para que eu tenha esse espaço interno para dar ao meu filho, eu preciso me permitir olhar para as minhas emoções.”
Quem afirma é a psicanalista, escritora e educadora parental, Elisama Santos, durante o bate-papo. Para ela, é importante que os adultos acolham as emoções para que não se tornem sentimentos de raiva e irritação com o mundo. “A minha vulnerabilidade não é sinônimo de fraqueza, é sinônimo de humanidade”, defende.
Brincar em família não é um privilégio, mas um direito das crianças. E, ainda assim, as famílias não devem ser as únicas responsáveis pela garantia da vivência plena da infância. Então, a sociedade como um todo deve agir para apoiá-las. Com este intuito, o Instituto Alana segue promovendo diálogos, criando espaços de troca para a construção de um presente e futuro melhor para todos os pequenos.
Confira a playlistcompleta das atividades realizadas pelo Espaço Alana durante a 11ª edição da Semana Mundial do Brincar!
O Brasil ocupa a segunda posição no ranking de países com maior número de ocorrências de Exploração Sexual Infantil. A informação é da organização Freedom Fund, dedicada ao combate à escravidão no mundo. Assim, em tempos de isolamento social e maior invisibilidade das crianças em suas comunidades, esse tema ganha ainda mais relevância.
Então, para ampliar o debate, lançamos em 18 maio de 2020, o documentário “Um Crime Entre Nós”. O material é produzido pela Maria Farinha Filmes e dirigido pela cineasta Adriana Yañez. Não à toa, a data de estreia marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil.
No Brasil, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas. Além disso, a maior parte delas tem até cinco anos, 90% dos casos acontece em casa e 72% das testemunhas não denunciam.
Idealizado pelo Alana e pelo Instituto Liberta – organização dedicada ao enfrentamento desse tipo de violência -, o documentário reúne a youtuber Jout Jout, Luciano Huck, Dráuzio Varella e a pesquisadora inglesa de pornografia, Gail Dines, em uma investigação. O roteiro passa por mundos reais e virtuais, jogando luz a um tema considerado tabu na sociedade.
Além do relato de vítimas, “Um Crime Entre Nós” traz informações sobre exploração sexual infantil. No filme, você ainda acessa opiniões de ativistas, sociólogos, educadores e psicólogos sobre o tema.
A pré-estreia do documentário ocorreu no 4º Fórum sobre Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, com transmissão pelo site do jornal Folha de S. Paulo. A apresentação foi acompanhada por um debate, mediado pela advogada e presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer. Participaram a diretora Adriana Yañez, a jornalista Eliane Trindade, o advogado do Instituto Alana, Pedro Hartung, e Amanda Cristina Ferreira, da Rede ECPAT do Brasil.
A estreia de “Um Crime Entre Nós” contou com o apoio das principais instituições que atuam na proteção dos direitos da infância no Brasil. Entre elas, Childhood Brasil, Cedeca Bahia, Oficina de Imagens, Plan International Brasil, Comitê Nacional de Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, ECPAT Brasil e IACAS.
Pessoas e instituições precisam se unir para proteger crianças e adolescentes, prioridade absoluta segundo o artigo 227 da Constituição Federal.
Sobretudo, o filme traz um olhar provocativo e se soma à luta pelo fim da violência e exploração sexual infantil. Seu conteúdo apresenta mais uma oportunidade de perceber que só vamos resolver nossos problemas sociais se pessoas e instituições se unirem para proteger as crianças. Ou seja, colocando-as como nossa prioridade absoluta, como previsto no artigo 227 da Constituição Federal.
Durante a quarentena, animação narra ideias de crianças sobre o coronavírus e sonhos para um mundo pós-pandemia
Medo, incerteza e insegurança em relação ao futuro são alguns dos sentimentos relatados por adultos durante a quarentena. Mas e as crianças, como elas estão se sentindo diante das transformações de rotina trazidas pela pandemia de covid-19? O Portal Lunetas, iniciativa do Instituto Alana, decidiu investigar e fez um convite especial para ouvi-las, no especial Coronavírus: o mundo em suspensão.
O que estão gostando e o que não estão gostando no isolamento domiciliar? Afinal, quais são seus sonhos e desejos para o futuro? O resultado dessas expectativas se tornou um vídeo colorido, divertido e cheio de esperança, narrado pelas próprias crianças.
Entre os depoimentos que acompanham a animação, estão desejos inesperados como o de uma criança que promete nunca mais ter medo de ir à escola quando a quarentena passar. Outra está gostando da possibilidade de ter tempo “para ter tempo”.
Também se ouve a menina que está entediada de ficar em casa, porque não pode estar com quem ela ama. E aquela que não vê a hora de ir para a rua e abraçar todo mundo. Acima de tudo, as vozes esquentam o coração e o olhar das crianças sobre a pandemia traz uma esperança de solidariedade:
“Meu sonho é que as pessoas tenham dinheiro para se alimentar”
Um mundo em quarentena
A gravação faz parte do especial “Coronavírus: o mundo em suspensão”, uma série de conteúdos que traz percepções sobre pandemia e infância. Ela contém vídeos, reportagens, entrevistas, lista de atividades, bem como análises e opiniões. O objetivo é refletir sobre este momento e pensar que futuro construir para as próximas gerações.
Em suma, os conteúdos abordam o papel da escola neste período de distanciamento social, recomendações para falar com as crianças sobre o que está acontecendo no mundo, efeitos da pandemia sobre famílias de diferentes classes sociais Brasil afora e a importância de escutar e observar as crianças – seus comportamentos e brincadeiras – para saber como estão vivenciando a chegada da pandemia.
Especialistas convidados pelo Alana respondem perguntas sobre infância e tecnologia durante a pandemia
As vidas das famílias mudaram rapidamente desde o início da quarentena. Milhões de crianças estão em casa enquanto pais, mães e responsáveis se veem imersos nas demandas pessoais e profissionais.
Nesse contexto, o ambiente digital desponta como um recurso fundamental, ainda que não garantido a todas as famílias. Além disso, oferece diversas oportunidades de conexão e socialização com os amigos e familiares. Bem como tem sido uma maneira de acesso à cultura e de novas formas de aprender e brincar. Apesar disso, o ambiente digital também apresenta desafios que precisam ser conhecidos e cuidados.
Muitas pessoas tendem a avaliar o uso da tecnologia pelas crianças com base em apenas um critério: o tempo de tela. No entanto, pesquisadores e especialistas, bem como as recomendações de organizações como sociedades de pediatras, UNICEF e OMS defendem que em uma relação saudável com o ambiente digital deve prevalecer boas experiências e o respeito à privacidade e a capacidade de desconectar das crianças.
É fundamental reconhecer que isso requer ações sistêmicas de diversos setores. Isto é, da sociedade, do governos, das empresas, das plataformas e toda a indústria da tecnologia. E o que as famílias podem fazer para ajudar as crianças a terem relações éticas, saudáveis e criativas com as tecnologias?
Para contribuir com esse momento histórico que estamos vivendo e auxiliar famílias nas relações das crianças com as telas lançamos nas redes sociais do Instituto Alana uma série de vídeos com depoimentos dos nossos especialistas. A seguir elencamos algumas dessas questões. Os vídeos sobre infância e tecnologia estão disponíveis no YouTube do Instituto.
Infância e tecnologia durante a pandemia
> Como a tecnologia pode ajudar as crianças a enfrentar esse período?
O ambiente digital têm dois grandes papéis durante a pandemia: ajudar as crianças a cultivar laços afetivos e mantê-las aprendendo. As relações são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças. E a tecnologia pode e deve ajudá-las a ligarem-se aos amigos e à família. Também a colaborarem entre si, a brincarem e a partilharem histórias e experiências.
O fechamento de escolas interrompeu a educação de meninas e meninos enquanto educadores e gestores se deparam com desafios relacionados ao papel da escola. Para além da educação à distância, a tecnologia pode manter os estudantes engajados na experiência de aprender em casa. Ao mesmo tempo, os manter conectados à professores e colegas, trocando sobre o que os reúne: o conhecimento, a convivência, o trabalho de aprender e ensinar.
Importante refletir também sobre como evitar que o acesso desigual a plataformas digitais e internet adequada amplie as desigualdades existentes.
> Tempo de tela x qualidade do conteúdo. O que importa mais?
A chave para este dilema é compreender que nem todo o tempo de tela é igual. Não devemos agir como se uma hora de desenhos animados fosse a mesma que uma hora de conversas online com familiares. Ou mesmo equivalente a jogos com amigos, ou de pesquisas e estudos. O que uma criança tira de cada tipo de uso é totalmente diferente, e atende diferentes necessidades.
As atividades com tela não devem ser classificadas como se fossem da mesma natureza. Algumas são educativas, outras são diversão. Algumas são de interação e comunicação, algumas de alta qualidade e outras são superficiais e mais passivas. Onde, como e o que se faz nas telas é mais importante do que apenas medir o tempo gasto. Um bom conteúdo adequado à idade é fundamental!
O maior tempo de telas das crianças também pode ser mais uma oportunidade para estar juntos. É um caminho para fortalecer os laços, aprender uns com os outros e partilhar valores. Converse com elas sobre os seus jogos, filmes, desenhos e aplicativos favoritos. Discuta ideias e questões sobre as quais lêem ou aprendem através de plataforma. Ou ainda de um jogo e como evitar e se proteger das experiências negativas.
Pesquisas mostram que famílias que fazem da tecnologia uma experiência compartilhada entre crianças e adultos formam jovens mais capazes de usufruir o que há de melhor no ambiente digital. Além disso, de lidar com as ameaças que encontrarão no caminho.
> Como equilibrar experiências digitais com outras atividades que não acontecem nas telas?
O equilíbrio digital é importante, mesmo durante a quarentena. A OMS estabelece como diretriz que as experiências digitais não podem competir com nenhuma atividade essencial da infância. Ou seja, alimentação, sono, movimento e interação humana.
Devemos nos atentar para garantir a vivência das atividades essenciais em equilíbrio com a experiência digital. A ideia é planejar este equilíbrio ao longo do dia e das semanas. Desse modo, encontre tempo para as crianças ficarem fora das telas, interagirem com as pessoas próximas e brincarem. Elas precisam estar com o corpo e imaginação ativos, comer e dormir bem.
Lembre-se que as crianças precisam de você para estabelecer uma rotina equilibrada e gradualmente desenvolverem a capacidade de se auto-regular no ambiente digital. Nesse sentido, conversar sobre como se sentem após longos períodos nas telas é fundamental. Quanto mais as crianças prestarem atenção a como se sentem, física e emocionalmente, mais serão capazes de avançarem nos processos de autonomia.
> De quem é a responsabilidade pelas experiências das crianças no ambiente digital?
Os desafios à participação ética, saudável e segura de crianças e adolescentes no ambiente digital estão ligados ao modelo de negócios em que se baseiam as plataformas, mídia e serviços de comunicação digital. Esse modelo é o da exploração comercial da experiência e do sequestro da atenção a qualquer custo. Ou seja, muitas empresas operam com design persuasivo e coletam e vendem dados dos usuários. Monetizam suas informações com o objetivo de maximizar os lucros obtidos com publicidade e outros serviços.
Com relação às crianças, isso gera violações dos direitos e danos associados como superexposição, fornecimento de dados sem conhecimento, sujeiçãoa diferentes violências e à publicidade infantil. Além disso, incentivo precoce à sexualidade e ao hiperconsumo, distúrbios do sono e alimentação, sedentarismo, falta de atenção, problemas posturais, ansiedade, etc. Como resultado pode levar a impactos na saúde e bem-estar da criança e empobrecimento de sua experiência online. Desse modo, as empresas precisam repensar seu modelo de negócio respeitando os direitos das crianças garantidos pela legislação vigente.
Ao Estado cabe regular as atividades que impactam as necessidades especiais e específicas das crianças e adolescentes. Por exemplo, a garantia do artigo 227 da Constituição Federal e a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018). Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor. E também elaborar políticas públicas de inclusão que proporcionem a todas as crianças e adolescentes acesso e uso das tecnologias com qualidade.
Por fim, famílias e escolas devem saber que não cabe exclusivamente a elas a responsabilidade pelas experiências das crianças no ambiente digital.
Valor se soma ao orçamento total de 2020, que será integralmente investido nas ações contra a Covid-19, especialmente na população mais vulnerável, incluindo as crianças
Entre os meses de abril e maio de 2020, o Instituto Alanadistribuiu 16.400 cestas básicas com itens de alimentação, higiene e limpeza para famílias do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo. A ação faz parte das estratégias de combate aos dos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a população que vive na região. Uma iniciativa do Espaço Alana, com especial atenção às crianças.
Ao todo foram 14.000 entregues de porta em porta e 2.400 por meio de organizações locais e associações parceiras. Além disso, participamos de um projeto piloto para viabilizar a transferência de renda diretamente para as famílias mais vulneráveis.
A iniciativa inclui a produção de conteúdo informativo em áudio, texto e imagem. Uma produção sobre como se prevenir contra a Covid-19, explicar as manifestações da doença e a hora de buscar apoio médico. Além disso, traz informações de como ter acesso à Renda Básica Emergencial, aos benefícios sociais da Prefeitura e do Estado de São Paulo, e ao SUS.
O Instituto Alana destinou mais de R$ 1,5 mi para ações contra a Covid-19. O valor se soma ao orçamento total da instituição em 2020, de R$ 21 milhões. Ele será integralmente investido no combate aos efeitos da pandemia sobre a população mais vulnerável, incluindo as crianças.
Combate aos efeitos da Covid-19
A distribuição das cestas de porta em porta é uma medida emergencial para evitar que as famílias passassem fome. A ação contou com o apoio de 20 pessoas, entre colaboradores do Instituto Alana e voluntários. Cada família recebeu uma cesta composta por 20 kg de alimentos e 10 kg de produtos de higiene e limpeza.
A entrega foi feita respeitando os protocolos de segurança exigidos. Todos os envolvidos na ação receberam orientações de um profissional da área da saúde e utilizaram equipamentos de proteção. Além disso, a iniciativa recebeu o apoio da Associação de Moradores do Jardim Pantanal, da equipe Trupe do Bem e da Subprefeitura de São Miguel Paulista.
O Instituto Alana atua há 25 anos no território e segue atento às necessidades locais. O objetivo é a viabilização de outras soluções emergenciais, com articulações necessárias para que os problemas estruturantes que castigam a região possam ser resolvidos. Assim, com as ações contra a Covid-19, a expectativa é que as famílias tenham melhores condições de enfrentar crises, como a provocada atualmente pela Covid-19.
Foto: Reginaldo Pereira da Associação de Moradores do Jardim Pantanal
Selecionamos uma lista de 10 filmes bons para o público assistir online durante a quarentena. A iniciativa é uma parceria com o selo Believe Films, a plataforma doInstituto Alana, Videocamp, e as produtoras Maria Farinha e Participant Media.
Acima de tudo, a seleção é uma maneira de oferecer um caminho para fortalecer a saúde mental e confortar as pessoas em um momento em que o isolamento social é tão importante.
A seleção oferece um caminho para fortalecer a saúde mental e confortar as pessoas.
Afinal, acreditamos no poder transformador do cinema por meio da produção e distribuição de filmes de impacto social. Por isso, buscamos meios para democratizar o acesso à cultura e à informação.
Neste período, em que enfrentamos uma das maiores crises contemporâneas da humanidade, oferecemos uma seleção de filmes bons e inspiradores. A melhor parte é que você pode assistir onde e como quiser. Assim, buscamos estimular conversas acolhedoras e frutíferas em tempos de incertezas.
Três obras ficarão disponíveis até 31 de março e sete até o dia 25 de abril. Confira!
Filmes liberados até 31 de março
A Juíza: conta a história da juíza da Suprema Corte Americana Ruth Bader Ginsburg, que construiu um legado que a transformou em um ícone inesperado da cultura pop.
Longe da Árvore: o documentário fala sobre a família que nascemos, bem como a família que construímos. Um olhar corajoso na jornada de acolhimento e afeto das relações humanas
Mesa Para Todos: unindo educação e gastronomia, o filme conta histórias que se cruzam para mostrar que a dignidade humana começa na alimentação.
Filmes liberados até 31 de abril
O Começo da Vida: filme nos convida a refletir sobre descobertas da neurociência, que garantem que bebê são muito mais que uma carga genética. Afinal, estamos cuidando bem dos primeiros anos de vida? Se mudamos o início da história, mudamos a história toda.
Território do Brincar: documentário apresenta o brincar infantil como fonte fundamental para a vida. Ele representa, ao longo de vinte e um meses, as realidades de crianças do Brasil.
Nunca Me Sonharam: em síntese, reflete sobre desafios e expectativas para a educação pública no Brasil, a partir da voz de estudantes, gestores, professores e especialistas.
Waapa: um mergulho inédito na infância Yudja (Parque Indígena do Xingu/MT) e os cuidados que acompanham seu crescimento. Assim, o brincar, a vida comunitária e as influências de uma relação espiritual com a natureza são revelados como elementos que organizam o corpo e a alma dessas crianças.
Terreiros do Brincar: o filme retrata a participação de crianças em vários grupos de manifestações populares. Ao mesmo tempo, busca resgatar as relações com um brincar coletivo, inter-geracional e sagrado.
Tarja Branca: o longa é um manifesto sobre a importância de continuar sustentando o espírito lúdico, que surge na infância, mas que é impelido pelo sistema a ser abandonado na vida adulta. Além disso, ele conta com a participação da educadora e musicóloga, Lydia Hortélio.
Corações e Mentes: uma série que viaja o Brasil para mostrar experiências potentes e transformadoras de educação. Sobretudo, os episódios inspiram ações de reinvenção da escola e do mundo.
Contra nova portaria da Senacon, Alana se une a entidades para publicação do manifesto “Publicidade infantil já proibida”
A publicidade infantil já é proibida pela legislação brasileira. Apesar disso, no início de 2020, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) propôs um novo texto para regulamentá-la. Submetida à consulta pública, a proposta ignora que já existem regras que garantem a proteção da criança frente à interesses comerciais.
Por exemplo, o artigo 227 da Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelecem os interesses da criança como prioridade absoluta no país. Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor, o Marco Legal da Primeira Infância e a Resolução nº 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), determinam abusiva e ilegal qualquer tipo de comunicação mercadológica direcionada ao público infantil.
Manifesto
Para garantir que os direitos da criança e do consumidor continuem assegurados, o Instituto Alana, a ACT Promoção da Saúde, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras entidades enfim se juntaram para fazer o manifesto“Publicidade infantil já proibida”, contra a criação da nova portaria da Senacon.
Senacon apresenta a proposta de forma que dá-se brecha para que, em casos específicos, empresas possam direcionar publicidade às crianças. Hoje, considerando a dificuldade do público infantil em diferenciar entretenimento de mensagem publicitária, é uma atitude totalmente proibida. Essa é uma conduta que se aproveita da hipervulnerabilidade das crianças para explorá-las comercialmente.
A publicidade infantil distorce valores e estimula a cultura do descarte. Além disso, causa doenças com o incentivo ao consumo de produtos alimentícios não saudáveis, entre outros malefícios.
A Senacon, vinculada ao Ministério da Justiça, representa o órgão máximo do sistema de defesa do consumidor no Brasil. Um órgão que tem como dever a defesa do consumidor não pode negligenciar o bem estar integral da criança a fim de priorizar o crescimento comercial de empresas. Assine o documento “Publicidade infantil já é proibida” e junte sua voz à nossa contra a publicidade infantil.