Premiação financiada pelo Alana investe US$10 milhões para desenvolver novas tecnologias de mapeamento da biodiversidade de florestas tropicais. Expectativa é que a etapa final traga descobertas sobre o território amazônico em tempo real.
O Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços firmou um termo de parceria com a XPRIZE Foundation, para que a fase final da competição XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais seja realizada na Floresta Amazônica brasileira, no estado do Amazonas, em meados de 2024. O prêmio visa o desenvolvimento de novas tecnologias para o mapeamento da biodiversidade das florestas tropicais do mundo.
A cerimônia de assinatura ocorreu no dia 25 de agosto, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente em exercício e ministro, Geraldo Alckmin, e de Peter Houlihan, vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação da XPRIZE. O Alana é financiador do prêmio de US$10 milhões, e foi representado por Ana Lucia Villela, presidente da instituição.
O secretário de Economia Verde do MDIC, Rodrigo Rollemberg, assinou o termo de parceria em nome da Pasta e celebrou a parceria. “Esse prêmio usa as tecnologias da fronteira do conhecimento para identificar nossa biodiversidade”. Ele ressaltou as potencialidades do país na área de bioeconomia, que elevam o país a uma posição de liderança. “O Brasil tem tudo para liderar uma economia verde, uma economia de baixo carbono por suas condições naturais e políticas. Temos a maior biodiversidade do planeta, temos grande quantidade de biomassa, uma matriz energética renovável e em expansão, 12% da água do planeta e temos democracia.”
O MDIC, por meio da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, apoia a realização, no Brasil, da etapa final do prêmio. Na primeira fase, em Singapura, foram selecionadas seis equipes em junho do ano passado, entre elas um time brasileiro: Brazillian Team de Piracicaba (SP), ETH BiodivX da Suíça, Providence Plus da Espanha e Map of Life, Team Waponi! e Welcome to the Jungle , as três dos Estados Unidos.
O XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais está em sua reta final após quatro anos de trabalho envolvendo 300 grupos de cientistas de 70 países. Com tecnologias que incluem o sequenciamento de material genético ambiental, drones com sensores bioacústicos, uso de robótica terrestre, inteligência artificial e ciência cidadã, as equipes selecionadas para a final mostraram, na prática, o efetivo uso de suas inovações.
No segundo semestre de 2024, os finalistas devem ser capazes de pesquisar 100 hectares de floresta amazônica em 24 horas e relatar as descobertas mais importantes feitas em tempo real, em até 48 horas. O objetivo será demonstrar escalabilidade e maximizar o desempenho tanto no levantamento da biodiversidade quanto na produção de soluções compatíveis com os desafios de uma floresta tropical úmida e densa.
“A sobrevivência da humanidade, especialmente a vida das crianças, depende da nossa capacidade de entender e proteger as florestas e sua sociobiodiversidade, mas nos resta pouquíssimo tempo. Nossa organização apoia os esforços ousados do XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais para encontrar junto a toda comunidade global de cientistas, mais rapidamente, novas tecnologias e aplicações para conservar nossas florestas tropicais e apoiar seus povos, incluindo a proteção de territórios, comunidades originárias e a valorização dos seus conhecimentos tradicionais e da repartição justa de benefícios”, afirma Pedro Hartung, Diretor de Políticas e Direitos do Alana.
As descobertas das equipes, em especial as que se conquistarem os três primeiros lugares, vão beneficiar não apenas o Brasil, que possui a maior floresta tropical do mundo, mas também outros nove países na América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais, além da possibilidade de aplicá-las na conservação da biodiversidade de outros biomas. Até hoje, pesquisadores de todo o mundo identificaram cerca de 1,5 milhão de espécies, presentes nas florestas tropicais, mas alguns estudos estimam que convivemos com cerca de 9 milhões tipos de fauna e flora que ainda não conhecemos. Ao mesmo tempo, o mapeamento permite o acompanhamento efetivo do combate à perda da biodiversidade, uma das ameaças centrais da vida na Terra segundo a ONU.
Saiba mais sobre as equipes finalistas e suas tecnologias:
· Brazilian Team, Piracicaba (SP) – drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação.
· ETH BiodivX, Suíça – drones patenteados e modificados usados para coletar amostras digitais e físicas que podem ser analisadas usando a tecnologia de “backpack lab” combinando IA inovadora, ciência cidadã e eDNA de campo para análise remota econômica.
· Map of Life, EUA – veículos aéreos não tripulados (UAVs) equipados com captura de imagem de alta resolução e sensores acústicos que transmitem dados para um painel baseado em nuvem.
· Providence Plus, Espanha – grandes sensores implantados por drones projetados para produzir dados ricos em vários níveis de cobertura que, de outra forma, seriam difíceis de acessar.
· Team Waponi!, EUA – novas armadilhas de captura de insetos e sensores bioacústicos inovadores para serem implantados e recuperados via drone.
· Welcome to the Jungle, EUA – drones com sensores bioacústicos e de imagens personalizados para deixar para trás apenas material orgânico nativo da floresta após a recuperação.