Youtuber mirim

O ambiente digital já faz parte do mundo infantil: um terço dos usuários da internet são crianças, de acordo com o Unicef. Nesse mundo digital, assim como existem criadores de conteúdo entre os adultos, essa atividade também chegou para os pequenos. Chamamos de youtubers mirins, crianças que produzem vídeos para o Youtube.

Apesar de o acesso à internet ser um direito infantil, o ambiente digital ainda não é seguro para esse público. Entre design persuasivo, coleta e tratamento de dados pessoais, micro segmentação de publicidade e tantos outros perigos, é preciso garantir a segurança dos influenciadores mirins frente à exploração comercial.

Assim como entre os adultos, muitas vezes o trabalho dessas crianças começa como uma brincadeira. Então, além de postagens de vídeos e fotos por diversão, surge uma carreira com obrigações, agenda cheia e contratos e, com o tempo, pode se tornar uma atividade financeiramente lucrativa. O bem-estar das crianças é apenas um dos seus direitos que acabam sendo ameaçados. Portanto, essa atividade deve ser vista como trabalho infantil artístico e protegida pela legislação específica.

Algumas empresas se aproveitam da falta de experiência das crianças para explorá-las comercialmente, elas sabem muito bem o apelo que influenciadores mirins têm sobre outras crianças e se aproveitam disso. Facilmente, é possível encontrar vídeos e fotos de crianças criadoras de conteúdo patrocinados por marcas. E isso pode ocorrer até de maneira camuflada, como nos unboxings por exemplo, que se aproveitam da inexperiência das crianças propositalmente confundindo publicidade com entretenimento.

Também existe um conflito de interesses para a família desses pequenos porque, ao mesmo tempo que procuram o bem-estar das crianças, também precisam administrar suas carreiras. E, mesmo que os familiares tenham as melhores intenções, acabam sendo os agentes desses influenciadores mirins sem a devida instrução. Isso abre brechas para que as crianças sejam exploradas pelas empresas tanto quanto pelos próprios espaços onde trabalham.