Transtorno do Déficit de Natureza

O “Transtorno do Déficit de Natureza” se refere aos impactos negativos relacionados ao distanciamento das crianças da natureza e de oportunidades de brincar e aprender ao ar livre. O termo foi cunhado por Richard Louv, jornalista, especialista em advocacy pela infância, cofundador do Children & Nature Network e autor do livro A Última Criança na Natureza.

Não se trata de um termo médico, mas é uma forma eficaz de chamar a atenção para uma questão emergente que causa distúrbios tanto físicos – falta de movimento, obesidade ou miopia -, quanto mentais – estresse e ansiedade – e comportamentais – dificuldades de sono e hiperatividade -, que podem ser facilmente observados por muitos pediatras em suas clínicas.

O contato com a natureza melhora todos os marcos mais importantes de uma infância saudável, como a imunidade, a memória, o sono, a capacidade de aprendizado, a sociabilidade, e as capacidades físicas. Também contribuiu significativamente para o bem estar integral das crianças.  As evidências apontam que os benefícios são mútuos: assim como as crianças e adolescentes precisam da natureza, a natureza também precisa delas.

Além disso, não podemos esquecer dos benefícios desse contato associados ao desenvolvimento socioemocional, como a empatia, a aprendizagem de cuidados consigo, com o outro e com o ambiente, e o senso de pertencimento e de interdependência. Também existe uma ligação intrínseca entre meio ambiente, saúde e qualidade de vida. 

Por ser tão importante, o acesso à natureza é um direito fundamental no Brasil, reconhecido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, que diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Para promover uma infância mais rica em natureza, é importante que existam ações organizadas pelos diferentes setores da sociedade. As famílias, as áreas de educação, saúde e assistência social, assim como meio ambiente e urbanismo, podem contribuir para maior aproximação da vivência com a natureza, promovendo um desenvolvimento mais saudável das crianças nas cidades. Aproximar as crianças com a natureza também representa dar mais um passo na construção de uma cidade que, sendo boa para os pequenos, será boa para todos os seus habitantes.