Chamamos de Natureza Urbana os espaços verdes presentes nas cidades que formam o que especialistas em planejamento urbano chamam de infraestrutura verde. São exemplos desta estrutura: ruas arborizadas, parques, jardins, parquinhos e áreas de playground, ciclovias verdes, cinturões urbanos para agricultura, muros e telhados verdes, entre outros espaços.
Esse conjunto fornece uma série de benefícios à população: possibilidades de lazer e interações sociais; conservação da natureza e dos seus serviços ambientais, como filtragem do ar, regulação da umidade e temperatura, controle de enchentes e de formação de ilhas de calor; além da criação de habitat para diferentes espécies de plantas e animais, a mitigação de impactos das mudanças climáticas, o desenvolvimento de atividades econômicas, o suporte às interações sociais, e o provimento de melhores condições de saúde e bem-estar coletivo e individual.
A vida urbana nem sempre favorece o contato direto com ambientes naturais, e a experiência ao ar livre tornou-se um desafio nas cidades, porém, a natureza urbana tem sido cada vez mais encarada como uma necessidade para manter a saúde física e mental das pessoas e, especialmente, de crianças e adolescentes, pessoas em peculiar condição de desenvolvimento e mais vulneráveis aos impactos ambientais.
É a natureza quem embala suas brincadeiras, chama as crianças para o movimento e a descoberta, nutre seus corpos e mentes e determina a sua sobrevivência no mundo. O contato dos pequenos com o meio ambiente é essencial para a garantia de um desenvolvimento físico e emocional potente e saudável.
Atualmente, porém, é possível notar em diversas cidades brasileiras a desigualdade de acesso à natureza. Pesquisas realizadas em diversos países apontam a falta de acesso à infraestrutura verde de qualidade em comunidades compostas predominantemente por população negra, asiática, indígena, entre outras minorias. Além disso, de acordo com o estudo The People and Nature Survey for England: Adult Data Y1Q1, realizado em 2020 no Reino Unido, 71% das crianças dessas etnias tiveram menor tempo ao ar livre durante as medidas de lockdown durante a pandemia de coronavírus. Ainda, crianças de famílias de baixa renda têm menos tempo fora de casa do que as demais e, além disso, comunidades com população majoritariamente negra têm quatro vezes menos acesso a espaços verdes públicos próximos a suas casas.