Junk food

Chamamos de junk food produtos alimentícios com alto teor calórico e baixo valor nutricional. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Liverpool e divulgada em 2016, a publicidade desses produtos, como refrigerantes, salgadinhos e bolachas recheadas, provoca um impacto maior nas crianças do que nos adultos.

A Organização Mundial da Saúde também divulgou um documento apontando que um dos principais fatores que contribuem para a obesidade infantil é a exposição excessiva a alimentos ultraprocessados e com baixo valor nutricional. Para reverter esse cenário, o relatório sugere a restrição da publicidade de alimentos não saudáveis, uma reformulação na sua distribuição nos mercados e campanhas governamentais que incentivem o consumo de alimentos saudáveis e a prática de atividades físicas.

No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor e a Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) consideram que direcionar publicidade para o público infantil de qualquer produto ou serviço é abusivo e ilegal. Isso porque crianças não têm capacidade de julgamento para entender a persuasão da publicidade infantil e porque o objetivo da comunicação mercadológica é, exclusivamente, a criação de um desejo de consumo.

O programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, trabalha para efetivar a legislação vigente e contribuir para a garantia de uma infância plena e livre de consumismo, por entender que é um problema urgente e de todos. Durante seus anos de atuação, tem lutado, também, contra a publicidade de alimentos não saudáveis ao público infantil.

Em 2007, por exemplo, o programa denunciou a Bauducco ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) após identificar publicidade infantil e venda casada de alimentos com brinquedos na campanha ‘É Hora de Shrek’. As crianças que juntassem cinco embalagens de qualquer produto da linha ‘Gulosos Bauducco’ e pagassem mais R$5,00 ganhavam um relógio exclusivo do filme. A campanha foi pensada para atingir diretamente o público infantil, valendo-se da vulnerabilidade e ingenuidade das crianças e incentivou o consumo exagerado de alimentos excessivamente açucarados.