A pesquisa Infância Plastificada, encomendada pelo programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, apresenta dados inéditos sobre o impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente. O estudo também aponta caminhos e soluções que podem ser encontrados para uma infância livre do consumismo e que permita o livre brincar em segurança.
A indústria de brinquedos é, hoje, uma das maiores anunciantes de publicidade dirigida a crianças, tanto nos meios tradicionais, como na televisão e em lojas, quanto no ambiente digital. Isso encute valores consumistas neste público e o desejo do ter incondicional, muitas vezes sem a reflexão sobre tempo de uso daquele produto ou mesmo o seu destino após o descarte.
O estudo aponta que 90% dos brinquedos produzidos mundialmente são feitos com algum tipo de plástico, que segundo o World Wide Fund for Nature (WWF) pode permanecer no meio ambiente por até 500 anos. No Brasil, 41,6% do plástico consumido não tem destinação adequada, ocupando a 16ª posição entre os países que mais descartam resíduos de plástico no oceano.
Dessa forma, a pesquisa Infância Plastificada compreende e investiga que o impacto ambiental gerado pelo consumo de brinquedos e suas embalagens de plástico é consequência de uma cadeia complexa, que tem início na publicidade infantil, que gera o desejo de possuir determinado brinquedo sem a devida reflexão sobre um consumo consciente. Esse consumo irrefletido pode levar ao descarte e, consequentemente, impacta o meio ambiente.
Para além do fator ambiental, os brinquedos plásticos também são problemáticos para a saúde das crianças, uma vez que a maioria deles é feita de PVC (policloreto de vinila), que, para dar flexibilidade ao objeto, pode conter um conjunto de substâncias tóxicas que podem causar danos hormonais e cânceres em crianças.
Assim, dentre as principais mensagens da pesquisa, podemos destacar que: o setor de brinquedos é um dos que mais faz publicidade infantil; a maioria dos brinquedos é feita de plástico e pode causar impactos na saúde de crianças; os brinquedos de plástico têm baixa probabilidade de serem reciclados; as embalagens de brinquedo fazem parte do problema; L.O.L. Surprise! e McLanche Feliz são exemplos da relação entre publicidade infantil e excesso de brinquedos de plástico; as crianças são alvos rentáveis da publicidade e suscetíveis a valores consumistas; existem soluções possíveis; e que a publicidade infantil é ilegal e abusiva.
A pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação da Universidade Federal de São Carlos (GPQV/UFSCar). O grupo realiza estudos e pesquisas interdisciplinares que incorporam os conhecimentos científicos, especialmente no campo da Química, a formação ambiental à educação na perspectiva da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).