Economia da atenção

A economia da atenção é uma forma de gerenciar informações. Criado nos anos 1970 pelo economista, psicólogo e cientista político Herbert Simon, o termo considera a atenção humana como um bem escasso e, portanto, uma mercadoria, e investiga formas de capitalizar esse bem.

Uma forma de aplicar esse conceito no cotidiano do século XXI é perceber quanto tempo os consumidores da internet, em especial das redes sociais, passam consumindo conteúdo direcionado a eles, e a competição gerada entre marcas e influenciadores para atrair usuários a partir da economia da atenção. As próprias plataformas atuam para que as pessoas fiquem cada vez mais focadas em rolar para baixo seu feed, que funciona a partir de algoritmos programados para mostrar ao consumidor apenas aquilo que interessa a ele. 

A lógica da economia da atenção, no entanto, não está restrita ao ambiente digital. Ela está em todas as esferas da lógica de mercado atual: na disposição dos produtos do supermercado aos outdoors, dos comerciais de TV às chamadas da capa de uma revista. As marcas não ficam mais restritas aos seus respectivos nichos, mas presentes em um território onde disputam ideias, tendências e a atenção do usuário com os influenciadores digitais.

Se esses efeitos podem ser problemáticos para os adultos, que percebem cada vez mais a dificuldade em se concentrar em atividades de longa duração, trazem sérios danos para as crianças, que ainda estão desenvolvendo essas habilidades. Entre as décadas de 1970 e 2010, o número de crianças diagnosticadas com TDAH, conhecido como déficit de atenção, multiplicou-se por sete nos Estados Unidos. Entre 2000 e 2012, o número de medicamentos voltados para o tratamento desse transtorno cognitivo multiplicou-se por quatro no Reino Unido.

Os motivos desses dados podem ser muitos, desde a maior conscientização de médicos ao sobrediagnóstico. É certo, contudo, que quando colocamos um celular nas mãos de uma criança a educamos a ser menos paciente e menos atenta, devido a essa economia da atenção. Cabe à sociedade oferecer ferramentas que as ajudem a praticar o autocontrole e a paciência para a realização de tarefas mais árduas.