Adultização precoce

Ao assistir programas de TV infantis, não é raro encontrar crianças sendo representadas por atores muito mais velhos que elas, cujos personagens agem como adultos. Esse é um dos muitos efeitos da adultização precoce, um fenômeno que hoje é encontrado não apenas nos meios de massa, como a televisão e o cinema, mas também nas redes sociais.

É um processo que afeta em especial as meninas, que também estão expostas à erotização. Acontece até na hora da brincadeira, com a oferta de bonecas excessivamente magras e loiras, condizentes a padrões de beleza inalcançáveis que desde muito cedo são lançados a elas. 

A adultização precoce também aparece na sexualização de personagens de programas e filmes infantis. É aí que elementos do universo adulto, como sapatos de salto alto, maquiagem e esmaltes de unha, são introduzidos à vida das garotas. Isso tem efeitos psicológicos: segundo a Pretty Foundation, 38% das meninas de até 4 anos de idade estão insatisfeitas com o seu corpo. Entre as meninas de 9 a 10 anos, mais da metade gostaria de perder peso e 36,58% fazem dietas para emagrecer.

Esses dados demonstram que, quando se deparam com esses anúncios, as crianças passam a acreditar que só serão aceitas no seu grupo de amigos se reproduzirem esse tipo de comportamento. As meninas em geral acabam se preocupando cada vez mais cedo com seu corpo e com sua aparência, mas o impacto pode ser ainda mais devastador nas meninas negras, já que essas mensagens comerciais perpetuam padrões de beleza eurocêntricos.

Para combater esse problema, a Criança e Consumo, uma iniciativa do Instituto Alana, realizou uma série de textos sobre o assunto. Neles, alerta sobre os perigos da publicidade infantil para as meninas, sobretudo sobre os anúncios problemáticos de empresas que tratam crianças como adultos; sobre a erotização e a adultização precoce com uma entrevista com a psicanalista Ana Olmos; e sobre o respeito contínuo à infância.