Direitos de crianças indígenas na ONU e Marco Temporal: na foto, pessoas de diferentes etnias formam um círculo e dão as mãos em um campo arborizado

Instituto Alana envia contribuições sobre os direitos de crianças indígenas à ONU 

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Em revisão do Brasil sobre o cumprimento do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Instituto Alana dá contribuições sobre direitos de crianças indígenas e denuncia proposta sobre o Marco Temporal

A necessidade de garantir os direitos de crianças brasileiras em situação de vulnerabilidade, especialmente meninos e meninas indígenas, foi o tema apresentado pelo Alana em reunião prévia do Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, da Organização das Nações Unidas (ONU), com organizações da sociedade civil sobre o compromisso do Brasil com os direitos humanos.

O Comitê submeteu o Brasil a uma revisão para analisar se o país tem cumprido ou não com as obrigações estabelecidas no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), ratificada pelo país em 1992. Os Estados que assinaram o pacto têm a obrigação de cumprir os acordos estabelecidos no tratado internacional, como o direito à educação, à alimentação e à moradia adequada. 

Em setembro,  especialistas independentes do Comitê receberam informações e dialogaram com membros de organizações da sociedade civil do Brasil, como o Instituto Alana.

Letícia Carvalho, advogada e assessora internacional do Alana, representou a organização para expressar preocupação com o descumprimento de obrigações com a população indígena do país. 

“Apesar de o Supremo Tribunal Federal ter rejeitado a tese do Marco Temporal, há uma Proposta de Emenda à Constituição que busca trazê-la de volta. Considerando isso, o Comitê deveria sugerir ao governo brasileiro que expresse oposição e aja para a rejeição dessa proposta”, avaliou Letícia Carvalho.

“Crianças, especialmente as indígenas, fazem parte de grupos vulnerabilizados, e o Brasil tem o dever de protegê-las, conforme determina a Constituição Federal, e de proteger seus territórios. Todas essas decisões impactam crianças, e seu melhor interesse deve ser considerado de modo a garantir seus outros direitos fundamentais”, concluiu.

Esta é a terceira vez em que o Brasil passa por essa revisão. Após essas análises, em 17 de outubro, o Comitê emitiu um relatório (disponível em inglês) com recomendações de medidas que o país deve adotar para efetivar os direitos estabelecidos no PIDESC, dentre as quais constam a rejeição à aplicação e institucionalização do marco temporal, e a necessidade de melhoria do acesso à escola para crianças, especialmente as com algum tipo de deficiência, nas regiões Norte e Nordeste.