O brincar livre e espontâneo é aquele que parte das próprias crianças e costuma ser definido como a expressão máxima dos pequenos. Eles comandam, ditam as regras e o rito, e não tem nenhum outro objetivo maior além de simplesmente fazer o que as interessa. É um diálogo entre os mundos interno e externo: são gestos do corpo que refletem uma relação muito profunda do que acontece no interior das crianças, exercícios importantes tanto emocional quanto fisicamente.
O brincar tem como principal ingrediente a imaginação e a espontaneidade permite às crianças inventar suas próprias regras, criar palavras, jogos e narrativas. Na praça, no parque ou no pátio da escola ela pode explorar as diversas possibilidades dos espaços, de interação com os colegas e de descoberta de seu próprio corpo.
O papel do brincar vai muito além de ser divertido e exercitar a imaginação, apesar de essas já serem funções muito importantes. Brincando elas também exercitam a coordenação motora, a concentração, e aprendem a lidar com a frustração ao realizarem atividades de tentativas e erros.
Por ser tão importante, brincar é um direito garantido em vários instrumentos legais como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Marco Legal da Primeira Infância, que estabelece a cultura, o brincar e o lazer como áreas prioritárias para as políticas públicas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) também estabelece que toda pessoa tem direito ao lazer e a Convenção sobre os Direitos da Criança indica que elas têm direito ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística da sociedade.
Em 2019, o programa Território do Brincar, do Instituto Alana, lançou o filme Miradas, que registra as experiências de oito pesquisadores que observaram o brincar livre de algumas crianças para entender o que ele nos revela. Em 2021, o programa também lançou o documentário Brincar em Casa, que investigou o brincar das crianças durante a pandemia.