Em primeiro plano, uma perereca sobre uma folha colorida

Defender a vida de outras espécies é defender também a vida das crianças

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Alana participa da COP da Biodiversidade, salientando que uma natureza menos diversa desestabiliza o clima e torna mais vulneráveis, em especial, as crianças, que, por estarem em processo de desenvolvimento, sofrem mais com mudanças em seus ambientes

Pela primeira vez, o Alana participa da COP da Biodiversidade, uma grande reunião que acontece a cada dois anos, na qual líderes de diversos países discutem como proteger a natureza. Algo como uma assembleia da ONU, mas focada na biodiversidade: a variedade de vida no planeta, que inclui plantas, animais e ecossistemas.

Neste ano, a COP 16, está acontecendo em Cali, na Colômbia, e seu tema principal é “Paz com a Natureza”, quase um pedido para repensarmos como estamos tratando o meio ambiente e os impactos que o nosso modo de produzir e de consumir têm sobre os outros seres vivos – e sobre a nossa própria expectativa de sobrevivência no planeta.

A 13ª edição do relatório Índice Planeta Vivo, lançado pelo WWF, aponta que a quantidade de espécies animais diminuiu 68%, entre 1970 e 2016. No Brasil, desde 2003, dobrou o número de animais ameaçados de extinção. Ou seja: estamos perdendo uma parte muito significativa dos habitantes da Terra. 

O desmatamento e a agricultura extensiva, que ocupa grandes parcelas de terra para cultivar uma única variedade, como soja, por exemplo, são os principais responsáveis por essa crise, que se soma às outras duas crises apontadas pela ONU como planetárias: a crise da poluição e a crise climática.
Quando derrubamos árvores, queimamos floresta e utilizamos agrotóxicos, matamos e contaminamos o solo, a água e os animais. Mas sem os ambientes e as espécies que neles vivem, os seres humanos ficamos mais vulneráveis a desastres naturais, ao desabastecimento de comida e de água. E também mais expostos a doenças. 

A nossa comida depende da biodiversidade: as abelhas, por exemplo, são responsáveis por polinizar as plantas que nos dão alimento. Sem elas, teríamos menos frutas, legumes e outros alimentos importantes. A natureza é também uma farmácia natural: muitas plantas e animais possuem substâncias usadas para criar remédios. Perder a biodiversidade significa perder a chance de curar e de descobrir novos tratamentos para doenças. 

Um plano para preservar a biodiversidade

Por isso, na COP 15, que aconteceu em 2020, foi criado o Marco Global da Biodiversidade, um guia assinado por 196 países com metas para proteger a natureza até 2050. Agora, esse plano será analisado, para entender o que já foi feito e como os países podem trabalhar juntos para alcançar o que falta.
O Alana entregará, durante a COP 16, o manifesto “Crianças e Jovens em Paz com a Natureza”, salientando que a crise da perda da biodiversidade, também é uma crise dos direitos das crianças. Porque, quanto extinguimos uma espécie, há uma perda que não pode ser medida, nem substituída, do repertório de espécies do mundo. E ambientes menos diversos desestabilizam a natureza, o clima e nos tornam mais vulneráveis. As crianças, por estarem em um momento especial de seu desenvolvimento, são ainda mais atingidas por mudanças em seus ambientes. Por isso, garantir condições para que a natureza prevaleça é essencial também para suas vidas. Permitir que as crianças conheçam um mundo com biodiversidade e estimular seu contato e acesso à natureza significa assegurar sua saúde e desenvolvimento integral, e também promover a conservação da natureza. Porque a criança precisa de vínculo com a natureza para, assim, querer cuidá-la no presente e no futuro.
Nesse sentido, precisamos ouvir as crianças e jovens, garantir sua participação nos eventos que tratam de seus direitos e seu futuro, educá-las para reconectar-se com a natureza e promover justiça entre as gerações. Uma vez que crianças e jovens estão entre os que menos contribuíram para a extinção da biodiversidade mas serão as que mais sofrerão as consequências dessa perda.