As culturas infantis envolvem as representações de mundo geradas pelas interações que as crianças têm com adultos e com outras crianças. Uma expressão, uma música, uma brincadeira: tudo isso pode ser uma manifestação das diversas expressões culturais da infância que são produzidas pelo Brasil, em diferentes territórios e contextos culturais.
Esse conceito considera os mais jovens não apenas como consumidores, mas como produtores de cultura. Isso porque eles não são seres que se preparam para um vir-a-ser, mas já são sujeitos no agora, com medos e desejos válidos. Desde cedo, agem como atores socioculturais que colaboram para a formação cultural de seus territórios.
As expressões culturais produzidas por eles envolvem linguagens próprias de seu universo, o infantil. Nele, o imaginário e a fantasia são dimensões centrais. Muitos dos processos das culturas infantis são simbólicos, e incluem a forma como as crianças vêem e interpretam o mundo que as cerca. Apesar de beber na fonte daquilo que já foi criado e que é apresentado pelos adultos, as crianças têm características específicas nas suas formas, nos processos de significação, nos protocolos de comunicação e na articulação interna dos seus elementos.
As culturas infantis, no entanto, não são homogêneas. Elas se apresentam de diversas formas Brasil adentro. É possível, para aquele que viaja Brasil adentro, perceber que, além de estar em contato com a esfera social mais próxima da criança, que inclui a família, a escola e a comunidade local, essas expressões dialogam também com a cultura local, com a nacionalidade e com as noções de identidade que lhes são oferecidas desde cedo.
Um registro de algumas dessas manifestações espalhadas pelo país é o documentário Territórios do Brincar, produzido ao longo de 21 meses de viagens pelo território nacional. Ali, estão documentadas algumas das mais diversas realidades brasileiras nas culturas infantis que as percorrem, no brincar de crianças de diferentes geografias e contextos.