Desemparedar a infância é romper a situação atual, em que a maior parte das crianças e adolescentes passam seus dias em ambientes fechados, seja em casa, na escola, nos transportes ou em atividades dirigidas. Independente do tamanho da cidade, o mundo natural tem deixado de ser visto como elemento essencial da infância.
Precisamos refletir sobre o modo de vida e de desenvolvimento que estamos adotando nas cidades, tendo em vista que a urbanização é um processo crescente no país e no mundo. Dentre as consequências estão a redução das áreas naturais e a falta de segurança e qualidade dos espaços públicos ao ar livre nos levam a passar a maior parte do tempo em ambientes fechados e isolados.
O distanciamento entre criança e natureza é uma importante crise do nosso tempo. O convívio com a natureza na infância, especialmente por meio do brincar livre, ajuda a fomentar a criatividade, a iniciativa, a autoconfiança, a capacidade de escolha, de tomar decisões e de resolver problemas, o que, por sua vez, contribui para o desenvolvimento integral da criança.
Algumas pesquisas nos dão pistas de outros motivos de distanciamento entre crianças e naturezas, como o fato de parte das escolas não possuir ambientes naturais ou espaços que potencializem o brincar e o aprender ao ar livre.
A aprendizagem ao ar livre promove a realização efetiva de uma proposta de educação integral, potencializando a formação de territórios educativos com a intenção de que tanto a escola quanto os diversos espaços públicos formem um ecossistema educativo, compondo os pilares de uma cidade educadora e amigável à criança.
Por ser tão importante, o acesso à natureza é um direito fundamental no Brasil, reconhecido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, que diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Para promover uma infância mais rica em natureza, é importante que existam ações organizadas pelos diferentes setores da sociedade. As famílias, as áreas de educação, saúde e assistência social, assim como meio ambiente e urbanismo, podem contribuir para maior aproximação da vivência com a natureza, promovendo um desenvolvimento mais saudável das crianças nas cidades.
Para contribuir para o debate da importância do desemparedamento da infância, o programa Criança e Natureza lançou a publicação Desemparedamento da Infância: a escola como lugar de encontro com a natureza. Acesse para saber mais!